Sem surpresas, BCE fecha o ano com juros inalterados
A taxa de referência mantém-se em 2%, nível em que está desde junho. Os mercados antecipam que a próxima mexida nos juros venha a ser de subida, mas a autoridade liderada por Christine Lagarde reafirma que "não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica".
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Os juros na Zona Euro vão manter-se inalterados, com a taxa de referência nos 2%. A decisão, anunciada esta quinta-feira após o conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), já era esperada pelo mercado e segue-se a um ciclo de descidas, num total de 200 pontos-base entre junho de 2024 e junho de 2025.
"As taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de depósito, às operações principais de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez permanecerão inalteradas em, respetivamente, 2,00%, 2,15% e 2,40%", anunciou a autoridade monetária em comunicado.
A presidente Christine Lagarde tem afirmado que está confortável com os atuais níveis das taxas de juro, numa altura em que a inflação está próxima da meta do BCE. Dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat mostram que a inflação na Zona Euro se manteve nos 2,1% em novembro (abaixo dos 2,2% da estimativa rápida).
Há, contudo, dúvidas sobre a pressão que as negociações salariais poderão ter na inflação. Nesse sentido, os mercados estão mesmo a apostar que a próxima mexida nos juros venha a ser de subida, mas que aconteça apenas entre o final de 2026 e o início de 2027.
Reafirmando que o Conselho está determinado a assegurar que a inflação estabiliza no seu objetivo de 2% a médio prazo, o BCE diz ainda que "não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica". As decisões sobre as taxas de juro "basear-se-ão na avaliação das perspetivas de inflação e dos riscos em torno das mesmas – à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados –, bem como da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária".
O BCE atualizou as projeções para a inflação, apontando agora para 2,1% em 2025, 1,9% em 2026, 1,8% em 2027 e 2,0% em 2028. "A inflação foi revista em alta para 2026, sobretudo porque os especialistas do Eurosistema esperam agora uma descida mais lenta da inflação dos preços dos serviços", explicou. Por outro lado, o crescimento económico deverá ser mais forte do que o avançado nas projeções de setembro.
Além do BCE, também o Banco de Inglaterra (BoE) realizou esta quinta-feira a sua última reunião de política monetária do ano. Neste caso, a decisão foi de cortar os juros, em 25 pontos-base para 3,75% - o nível mais baixo em três anos -, com o banco central britânico a esperar que a meta de inflação de 2% seja alcançada apenas no próximo verão.
(Notícia atualizada às 13:20)
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