O pecado mora ao lado
Cada acção da Apple vale, desde terça-feira, 500 dólares. Um valor impressionante que a transforma na empresa cotada mais valiosa do mundo. A Apple tem uma tribo de fiéis seguidores que endeusam os seus produtos e para os quais Steve Jobs era uma espécie de deus das tecnologias de informação e comunicação. E estes seguidores fazem o proselitismo da marca como ninguém.
Por tudo isto, a Apple consegue passar incólume a acontecimentos que causariam sérios danos de reputação a outras empresas. Exemplo disso é o que se passa com os fornecedores chineses da Apple, a Quanta, a Pegatron e a Foxconn, acusados de desrespeitar os direitos dos trabalhadores.
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Esta última empresa é acusada de obrigar os funcionários a trabalharem longas horas sem intervalo e a usar produtos químicos perigosos.
O que até parece pouco, dada a brutalidade das afirmações produzidas pelo presidente da Foxconn, num encontro com directores da empresa. Disse Terry Gou: "A Foxconn tem uma força de trabalho de mais de um milhão de pessoas em todo o mundo. Seres humanos também são animais, e gerir um milhão de animais dá-me dores de cabeça."
Forçada pelas denúncias públicas, a Apple encomendou esta semana, finalmente, uma auditoria independente às fábricas dos seus fornecedores chineses. Em qualquer empresa "normal", exposta aos humores dos mercados, um caso como este iria certamente provocar uma queda abrupta do valor das acções. Excepto na Apple. Na empresa da maçã mordida, o pecado mora ao lado.
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