Conquistar o sucesso combatendo o insucesso
Em atividades de "alta competição", caso da gestão ativa de investimentos, há épocas em que a mais eficaz forma de conquistar o sucesso será …combater o insucesso! A história o diz, e epítomes como Buffet e Charles Ellis o confirmam.
Para concretizar começaremos por referir um caso famoso de insucesso, e que possivelmente não teria ocorrido se tivesse sido seguida metodicamente a "check list" do quadro anexo.
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O insucesso dos génios
Em 1997, na Investil, uma gestora de fundos, suscitou atenção um hedge fund, o LTCM, prefigurando-se como paradigma de sucesso. Evidenciava uma estratégia inteligente; era administrado por 2 prémios Nobéis; apresentava resultados espetaculares. Na aparência era difícil encontrar melhor. Na realidade não houve pior: passado pouco, o LTCM fracassava estrondosamente.
O génio dos Nobéis Scholes e Merton, tal como em 1719 o de Newton (perdendo o equivalente a cerca de 4 milhões de euros de hoje), ou em 1929 o do grande economista Fisher (prevendo a continuação da alta… 2 dias antes do crash de 1929!), não foi antidoto suficiente contra o insucesso.
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O que se passou com a LTCM? Ou com Livermore, que por 4 vezes se alcandorou aos píncaros do sucesso chegando a ser um dos homens mais ricos do mundo, e por 4 vezes faliu até se suicidar? Ou com Marx e os seus investimentos em ações na China?
A recorrência de um padrão comum a muitos insucessos: 1) Sobreavaliação das capacidades próprias; 2) Assunção de riscos geradores de quedas traumáticas; 3) Liquidação em pânico; 4) Falta de humildade em aprender com os erros imputando-os a outros (Newton: "calculo o movimento dos astros, mas não a loucura das multidões").
Sucesso na Vida, insucesso na Bolsa
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Havendo um padrão, é possível neutralizá-lo, embora neste caso seja contranatura. Isto porque, o que serão hoje as raízes do insucesso nos investimentos, foram as raízes do sucesso em milhões de anos de luta do Homem pela sobrevivência.
De fato, a sobreavaliação das capacidades próprias é caraterística de pensamento positivo valorizada na Vida, mas perniciosa em Bolsa. É viável mitigar tal através de várias técnicas: multi-diversificação, gestão dinâmica do risco, stop losses, imunização, etc. Os investidores institucionais fazem-no, mas os privados, não. Estes acabam assim por ter resultados médios inferiores aos próprios instrumentos que utilizam, como é o caso nos EUA com os fundos de investimento a proporcionarem em 20 anos rendibilidades médias anuais perto dos 8%, e os seus clientes a obterem cerca de 2%.
Tal apresenta custos individuais, e em acréscimo é um prejuízo para a Sociedade que acaba por não ver estimulada pela Bolsa os sacrifícios de uma poupança persistente.
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Quem ganha e quem perde
O resultado é que a denominada Gestão Ativa, acaba por ser um processo de transferência de riqueza de investidores privados menos experientes para investidores institucionais melhor preparados. É tal a contraface das vantagens da profissionalização e fenómeno universal:
Na China, os investidores privados perdem em média 7.2% anuais e os institucionais ganham 2.6% (Chen, 2010). Na Alemanha a rendibilidade dos privados em relação aos mercados é negativa em 8.5% (Meyer, 2012). E por aí fora…
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Com tal realidade os mercados ganham em eficiência, mas perdem no objetivo de estimular pequenos aforradores a investirem diretamente na Bolsa. O que se pode fazer?
Recomendar os grandes, defender os pequenos
Primeira alternativa: aplicar o princípio da sabedoria popular "se não podes vencê-los, junta-te a eles".
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É recomendação lógica aos pequenos investidores desde que salvaguardadas premissas fundamentais como:
• Obrigação em serem divulgados riscos insidiosos, incómodos para quem vende e os conhece melhor; perigosos para quem compra e só se lembra deles como Santa Bárbara quando há trovões (vg risco de estratégia);
• Fixação das comissões de gestão não em função do que faz o vizinho mas sim com base transparente em custos reais, sem abuso de situações de oligopólio.
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4 vezes mais património na reforma!
Segunda alternativa: apoiar o pequeno investidor através de medidas tais como:
• Incrementar a literacia financeira nomeadamente pela via da alavancagem do papel daqueles que são, senão "de jure" pelo menos de fato, os grandes "consultores financeiros" da população: os elementos das redes bancárias;
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• Incentivar a elaboração de planos estratégicos de investimento pois segundo um artigo da Fortune, quem o faz relativamente a quem não o faz, alcança em média 4 vezes mais património na idade da reforma;
• "Pegar de caras" as causas de insucesso após seguir-se o conselho do grande investidor Pabrai no tocante à utilização metódica de check lists (segundo ele, o equivalente ao aumento de 30 pontos no coeficiente de inteligência!).
O que é hoje mais importante
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Concluindo como começámos:
A via porventura hoje mais eficaz para alcançar o sucesso em Bolsa será, mais do que "jogar ao ataque" buscando-o deliberadamente, "jogar à defesa" enfrentando as causas que o coartam.
É tal a mensagem de um livro recente ("The Most Important Thing", de Howard Marks) e similarmente será possivelmente a grande ilação de exemplos como os de Warren Buffet e outros que conquistaram como segunda prioridade o sucesso, combatendo como primeira prioridade o insucesso.
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• Ausência de plano estratégico
• Desperdicio do efeito carteira
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• Sub / sobrediversicação
• Subestimar punção fiscal
• Pagar Fees sem ligação a custos
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• Subvalorizar erosão volatilidade
• Subvalorizar inflação
• Sobrevalorizar passado recente
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• Falta de perspetiva macro
• Rejeitar mudanças estruturais
• Pensamento supersticioso
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• Espírito de manada
• Medo do arrependimento
• Apego ao status quo
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• Sobrestimar gurus
• Falta de discrição
• Inércia sentimental
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• Comprar tarde e caro
• Vender em pãnico
• Carência de autodisciplina
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• Ilusão de controlo
• Sub /sobre uso da alavancagem
• Subvalorizar Riscos raros
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• Ignorar a grande lição do BES: "quando a esmola é grande o pobre desconfia"
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
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