Quem conhece a economia portuguesa?
Todos os anos a FocusEconomics, conceituada organização internacional, compara as previsões macroeconómicas dos diversos analistas com os números finais e atribui prémios aos que mais se aproximaram da realidade. Este ano, por causa da pandemia os prémios foram atribuídos de forma mais discreta.
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Quem foram então os analistas que melhor souberam ler as dinâmicas da economia portuguesa e acertaram nas previsões que fizeram em 2018 para o final de 2019? Em termos gerais do quadro macroeconómico a melhor analista foi Melanie Debono. Relativamente ao crescimento do PIB foi a equipa da Universidade Católica de Pedro Afonso Fernandes que ganhou, mas em termos de valores para a inflação e taxa de juro o primeiro lugar foi respetivamente para Melaine Debono da Capital Economics e para Petr Zemcik da Moody´s Analitics, já em termos de deficit externo a equipa do Unicredit foi a que se destacou. Para uma análise mais detalhada deixamos os resultados completos no quadro abaixo.
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Que podemos concluir deste quadro geral? Por um lado a ausência de instituições nacionais, apenas a Universidade Católica e o NovoBanco. Em termos individuais também uma pobreza franciscana com destaque pela positiva apenas para Pedro Afonso Henriques e Ana Andrade.
Onde andam as restantes escolas de economia – o ISEG, a Faculdade de Economia do Porto, etc. – onde estão bancos como a Caixa Geral de Depósitos ou o Millennium bcp?
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Porque deixamos aos estrangeiros o melhor conhecimento da nossa economia? Como podemos elaborar estratégias de crescimento corretas quando são outros os que possuem um domínio mais perfeito dos modelos económicos sobre a nossa própria economia e assim melhor podem antecipar os efeitos das medidas tomadas pelas autoridades?
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Como explicar que uma maltesa trabalhando para uma empresa inglesa tenha uma melhor visão da nossa economia do que os nossos economistas? E que haja tão poucos economistas portugueses a acertar nas previsões?
E mesmo a economista portuguesa que mais se destaca, Ana Andrade, trabalha em Londres para a (The) Economist Intelligence Unit (EIU) e fez os seus estudos em Espanha.
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Que debilidades nos mostra este prémio? Como sempre o saber e a capacidade analítica têm sido o calcanhar de Aquiles das nossas elites económicas e políticas. É o que acontece quando o mérito é substituído pelo cartão partidário, pelo nepotismo e pela "cunha".
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Economista
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