Luís Todo Bom 18 de Novembro de 2020 às 19:41

A matriz tecnologias/sectores no processo de reindustrialização

Com a construção desta matriz verificamos que a grande maioria das tecnologias a utilizar atravessa horizontalmente vários sectores, promovendo, de modo distinto, o incremento da sua competitividade.

Como já referi, em artigos anteriores, em particular, no que foi publicado na Revista da Ordem dos Engenheiros, o processo de reindustrialização é indissociável da modernização tecnológica.

 

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A construção duma matriz tecnologias/sectores industriais constitui, assim, uma ferramenta teórica indispensável para a preparação dum programa de reindustrialização, robusto e adaptado à realidade nacional.

 

Com a construção desta matriz verificamos que a grande maioria das tecnologias a utilizar atravessa horizontalmente vários sectores, promovendo, de modo distinto, o incremento da sua competitividade.

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As novas tecnologias dos materiais, por exemplo, têm aplicação nos sectores do vidro e da cerâmica, da madeira, da cortiça, da petroquímica, dos minerais não metálicos, da metalurgia e metalomecânica, e do têxtil e calçado.

 

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O mesmo se passa com as restantes tecnologias que tenho vindo a referir como tendo grandes potencialidades de desenvolvimento em Portugal, as biotecnologias e tecnologias da saúde, as tecnologias de comunicação e informação, as tecnologias energéticas, ambientais e da mobilidade e as tecnologias aeronáuticas, que atravessam horizontalmente vários sectores industriais.

 

Estes clusters tecnológicos também se cruzam entre si, como é ocaso dos clusters aeronáutico e de materiais.

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Quando defendo um novo projecto Porter, suportado nestes clusters tecnológicos, não estou a recomendar que se revisite o projecto Porter inicial, suportado em clusters sectoriais, mas sim, a aplicação desta matriz como base para a construção dos novos clusters tecnológicos.

 

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E se refiro explicitamente o projecto Porter, é porque acredito na metodologia sistémica associada ao conceito de cluster, e porque considero que a aprendizagem resultante do projecto Porter original, nos permitirá adaptar internamente essa metodologia, sem grande dificuldade.

 

No caso dos sectores tradicionais, em particular, no têxtil e no calçado, esta nova imersão tecnológica deve ocorrer, com prudência, por passos, em particular no processo de robotização, para que não se verifique, no curto prazo, uma redução substancial do emprego nestes sectores que são, ainda, de mão-de-obra intensiva.

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Estranhei que o meu amigo António Costa Silva, engenheiro como eu, com sensibilidade para as novas tecnologias, não tenha proposto esta matriz, no seu estudo prospectivo, no capítulo da reindustrialização.

 

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Espero que as organizações da sociedade civil, em particular as associações empresariais horizontais - AIP e AEP, e o Fórum para a Competitividade -, em articulação com as empresas líderes de cada sector, possam aceitar este desafio, iniciando-se, assim, um processo de reindustrialização que permita aumentar significativamente a competitividade e o valor acrescentado dos nossos produtos industriais.

 

E que conduza, por esta via, a uma evolução dos projectos rentistas para unidades de bens transaccionáveis, capazes de competirem nos mercados mais exigentes.

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Gestor de Empresas

 

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Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico 

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