Luís Todo Bom 15 de Outubro de 2020 às 09:40

PPP – realidades e equívocos

Na fase actual do mercado financeiro, e tendo em atenção o baixo risco destes projectos, e do país, a taxa de remuneração devia, em minha opinião, ser fixada em torno dos 6 %, que é uma taxa generosa para obrigações, que devem servir de referência para este efeito.

As PPP, parcerias público-privadas, têm sido, recentemente, objecto de discussão, com uma grande componente ideológica, focada nalgumas destas entidades da área da saúde.

A discussão pública tem sido irracional, com vários intervenientes a revelarem uma completa ignorância sobre este tema, pelo que vale a pena revisitar alguns conceitos, a realidade deste tipo de entidades em toda a Europa, em que nos inserimos, e os equívocos que ocorrem com base numa análise tecnicamente incorrecta.

PUB

As PPP constituem um instrumento de desenvolvimento económico, com grande incidência em áreas infraestruturais fundamentais, útil e profusamente utilizado, em vários países e sectores de actividade, incluindo hospitais, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

Baseiam-se num princípio de equilíbrio, de partilha de riscos e benefícios, entre o sector público e o sector privado, adoptando a seguinte base racional:

– A vantagem para o sector público resulta da maior eficiência da gestão privada no planeamento, construção e gestão das várias unidades.

PUB

A vantagem para o sector privado provém da garantia de absorção do serviço fornecido ou da contratualização de preços administrativamente fixados para a prestação do serviço, reduzindo praticamente a zero o risco de mercado.

É, ou deve ser, portanto, uma solução win-win.

Assumindo que o sector privado detém mecanismos próprios de protecção dos seus interesses empresariais, o equilíbrio desta solução reside na organização, acompanhamento e fiscalização, destas entidades, pelo sector público, assegurando uma solução equilibrada entre risco e remuneração.

PUB

Se não existir esta precaução, estaremos perante uma situação de desequilíbrio, em benefício do sector privado, dando azo a todas as manifestações de protesto, de base ideológica, por parte dos partidos de extrema-esquerda, que defendem a eliminação total da iniciativa privada.

E o ponto crítico deste equilíbrio reside na taxa de remuneração dos capitais próprios, contratualmente fixada, a atribuir aos investidores privados das PPP.

Na fase actual do mercado financeiro, e tendo em atenção o baixo risco destes projectos, e do país, a taxa de remuneração devia, em minha opinião, ser fixada em torno dos 6 %, que é uma taxa generosa para obrigações, que devem servir de referência para este efeito.

PUB

São investimentos rentistas, não sujeitos às agruras do mercado, que caracterizam os investimentos em bens transaccionáveis.

Torna-se pois essencial auditar estas organizações, avaliando as cláusulas contratuais e a respectiva remuneração dos capitais próprios que lhes está subjacente.

Se a Inspecção-Geral de Finanças efectuar uma auditoria rigorosa a todas as PPP, nos diversos sectores, verificando e pugnando pelo ajustamento das taxas de remuneração para este valor, muito do ruído actual desapareceria, com benefícios para a população portuguesa, que beneficia dos serviços prestados por estas entidades.

PUB

 

Pub
Pub
Pub