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João Quadros - Argumentista
17 de Fevereiro de 2012 às 11:42

Descubra as diferenças

Quando era pequeno sofria de azia (por dentro) e a minha avó convenceu-me que se dissesse, três vezes, "azia avé Maria tem três filhas.

Quando era pequeno sofria de azia (por dentro) e a minha avó convenceu-me que se dissesse, três vezes, "azia avé Maria tem três filhas. Uma cose, outra fia e outra cura o mal da azia" , o ardor desaparecia e ficava com o estômago forrado a algodão doce. Nunca funcionou (quero deixar isso bem claro para que o ministro da Saúde não tenha ideias).

O discurso actual sobre a nossa situação é muito parecido. Acreditamos que se dissermos trinta vezes por dia - não somos a Grécia - vamos afastar o mal dos mercados. É quase igual à mezinha da minha avó. A única diferença é que apostam no milagre da filha que fia. Entrámos numa fase infantil do discurso. É natural de quem é pequenino, está de calções, e tem medo. Não queremos ser vistos com os menos populares do recreio para não sofrermos bullying assim que ficarmos sozinhos. Dá a sensação que a Grécia tem papeira (muito perigoso numa civilização milenar) e que não nos podemos chegar porque podemos ficar sem vigor. Consta que, cada vez que pronunciam Grécia no noticiário das oito, fecham dez negócios de família.

Quando era pequeno, nas brincadeiras, tinha de optar entre ser índio ou cowboy. Agora, a escolha é: somos irlandeses ou gregos? Eu sou português. E muito teimoso - brincava aos índios e cowboys, vestido de padre português que queria evangelizar aquela gente. Não faz sentido tentar puxar o nosso país para um lado ou para o outro. Temos traços de ambos, e ambos têm traços nossos. Somos todos irmãos. É feio fazer como aqueles pais que, quando o filho tem uma característica negativa, dizem logo que sai ao outro lado da família. Se, de repente, a Grécia descobrisse petróleo e a Irlanda sofresse um tsunami , tínhamos que mudar de discurso? Afinal, estamos na União Europeia ou no pátio da C+S de Bruxelas?! Cá está. Nem uma coisa nem outra. Ficamos a meio. Por isso, o que faz sentido não é uma comparação entre PIB , desemprego, etc. Se querem reduzir o discurso a isto, então sejam mais claros e deixem gráficos (e tabelas) que todos compreendam. Penso que este, que aqui deixo, pode dar uma preciosa ajuda.

Soluções para o País (I)

Hoje, venho dar o meu contributo para melhorar o estado da educação no nosso país. A solução é fácil. Proponho apenas uma mudança: acabar com a Matemática.

No nosso país, chega a haver oitenta por cento de chumbos em Matemática - uma ciência que se supõe exacta mas em que ninguém acerta. A partir do momento que se sabe somar dividir e subtrair e multiplicar, chega. O que a Matemática faz é escarafunchar nos números. Pega na Aritmética e faz-lhe uma autópsia à nossa frente e uma pessoa fica mal disposta.

A Matemática só está a ocupar X espaço na nossa cabeça que podia estar ocupado com informações que nos fazem mais falta. Ninguém é aumentado a raiz quadrada de 23. Ninguém compra Pi de bananas, porque ninguém está interessado em comprar 3,141618 até infinito de bananas, porque um número que nunca mais acaba de bananas não cabe no carrinho. Ninguém diz - Acudam! Aquele senhor foi atropelado! Há aqui alguém que saiba demonstrar o teorema fundamental da Álgebra? Na minha vida nunca me vi perante a necessidade de usar a trigonometria, excepto uma vez em que a cotangente, a secante e a cossecante me ajudaram a mudar um pneu. - Ai, o Teorema de Pitágoras é muito importante! Importante?!! Só se for para o Pitá. O teorema de Pitágoras faz o quê? Descasca fruta? Cura cegos? Não.

O que ele faz é estabelecer uma relação simples entre o comprimento dos lados de um triângulo rectângulo. Ui! Quando as pessoas que têm paludismo ouvirem isso vão ficar felizes a pensar que vem aí a cura. - O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos - para que é que isto serve?! Se eu disser isto a uma lata de atum ela abre-se sozinha? Não. Dá para fazer a piada, havia uma brasileira que era tão magra que lhe chamavam HipoteNeuza? Também não dá. A Matemática nem para fazer piadas serve, como se pode ver por esta croniqueta. Acabem com isso.

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