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Assunção Cristas
31 de Maio de 2016 às 09:00

Assunção Cristas: Realismo, autofoco e uma grande ambição

Há uma certa tendência entre nós para oscilarmos entre os antípodas da análise da nossa situação e da nossa vida coletiva: ou somos muito maus, quando todos os outros são melhores, ou somos a última Coca-Cola do deserto, ninguém tem um país como nós e ninguém sabe fazer como nós.

Penso que precisamos coletivamente de uma boa dose de realismo, de autofoco e de uma grande ambição.

A boa dose de realismo leva-nos a perceber que não somos nem tão maus quanto pensamos, na verdade estamos entre os trinta países mais desenvolvidos do mundo, e aquilo que tantas vezes se dá como adquirido em Portugal, em muitos países é ainda uma batalha a conquistar, nem tão bons quanto às vezes nos julgamos (sim, os produtos de outros países às vezes são tão bons quanto os nossos e há muitos países que também são bonitos). Uma boa dose de realismo leva-nos a ver a 360º e a constatar os nossos pontos mais fortes e as nossas fragilidades comparativas.

O autofoco significa que não gastamos tempo a lamentar o que não temos e a olhar para os vizinhos do lado, suspirando pelo que nos falta (de território, de riquezas naturais, de qualificações humanas, etc.) e outros têm em sobra, para nos focarmos em aproveitar ao máximo o que temos, e é muito! Esta autorreflexão e focagem, preocupando-nos mais com o que temos e fazemos e menos com o que outros têm e fazem, devem levar-nos a olhar para o nosso território, na sua diversidade e dimensão terrestre e marítima como uma riqueza a preservar, valorizar e potenciar. É dele que nascem as nossas melhores e diferenciadoras circunstâncias, gérmen de criação de riqueza. Uma reconfiguração e assimilação identitária de Portugal como país azul e verde, apostado no desenvolvimento sustentável, ajudaria a esta dinâmica.

Noutra perspetiva, o autofoco significa olhar para nós, portuguesas e portugueses, com os nossos conhecimentos e competências, com a nossa capacidade muito própria de relacionamento e de improviso, e irmos puxando uns pelos outros, colocando a nossa capacidade criativa – nas suas diversas perspetivas – ao serviço da criação de riqueza. Produzir e criar riqueza, nos vários domínios da atividade económica, da agricultura aos serviços, deve ser uma preocupação central da nossa sociedade e objetivo cimeiro das políticas públicas.

Por fim uma grande ambição. É preciso ter sonhos grandes, mobilizadores, e pensar no médio e longo prazo. É preciso ter capacidade de discussão, aprofundamento dos grandes temas, da natalidade à educação, ao de-senvolvimento económico, para encontrar pontes de consenso entre atores políticos e entre política e sociedade. O saudável pluralismo democrático e o confronto de pontos de vista não nos podem impedir de, experimentando diversos ângulos de análise, encontrarmos pontos de consenso e de estabilidade. Acredito que a discussão profunda e intelectualmente honesta traz as pontes que tantas vezes faltam, acredito que é possível ter pensamento plural e, ao mesmo tempo, unidade e estabilidade em pontos essenciais. Se a isto conseguirmos juntar bom planeamento e, mais ainda, boa execução, seremos certamente vencedores.

Nada disto é fácil, muito disto implica ir, com jeito, limando características nossas muito marcadas. Implica trabalho afincado, visão de médio e longo prazo e ambição larga. Mas Portugal não merece menos do que isso! 

Presidente do CDS/PP

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