Tanta falta de sentido de Estado…
Já aqui criticámos várias vezes a falta de sentido de Estado de certos governantes em áreas onde deve haver "acordo de regime".
Já aqui criticámos várias vezes a falta de sentido de Estado de certos governantes em áreas onde deve haver "acordo de regime". Defesa Nacional, Administração Interna, Negócios Estrangeiros e Finanças são sectores que requerem "continuidade" de políticas e tento na língua dos ministros. Só que isso nem sempre acontece.
No anterior governo, Teixeira dos Santos deixou-se arrastar para o debate eleitoral. Santos Silva, com os seus exageros de linguagem, também não foi exemplo. A excepção foi Luís Amado. Neste governo as coisas pareciam ter mudado: Paulo Portas fala de questões técnicas e Vítor Gaspar faz o mesmo. Mas o ministro da Defesa borrou a pintura, ao criticar (num discurso oficial!) o anterior governo. Sugerindo que devia "pedir desculpas" à instituição militar…
Não sei se o ministro tem razão nas desculpas. Mas isso interessa pouco. O que conta é que não pode usar uma cerimónia oficial para fazer política. Perdão, politiquice. O que pretendia Aguiar Branco? Lançar farpas a Santos Silva? Que o faça numa reunião do partido. Mostrar que os problemas da Defesa (v.g. excesso de despesa) vêm do anterior governo? Que dê uma entrevista.
A intervenção de Aguiar Branco só o fragilizou perante os "lobbies" do sector, que exploram a falta de entendimento entre partidos da governação para escaparem à austeridade (veja-se a notícia da contratação de mil novos efectivos sem cobertura na lei e os protestos pelo congelamento das progressões na carreira).
A Defesa é um sector onde a eficácia de um ministro depende mais do respeito que "impõe" (à instituição militar) do que dos seus "skills" técnicos. Aguiar Branco ainda não percebeu isso?
camilolourenco@gmail.com
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