O relatório “Breaking the Plastic Wave 2025”, publicado pela The Pew Charitable Trusts, descreve um “sistema global do plástico [que] coloca pessoas em todo o mundo em risco, com os mais vulneráveis a suportarem o peso dos impactos”. O alerta ganha dimensão quando se observam os números, que mostram que cerca de 130 milhões de toneladas de plástico entram anualmente no ambiente, e, se nada for feito, este valor poderá ultrapassar os 280 milhões de toneladas em 2040. Seria o “equivalente a despejar quase um camião de lixo de plástico por segundo”, escrevem os autores.
Os plásticos representam riscos que vão além da poluição visível e podem “prejudicar a saúde humana em todas as etapas do seu ciclo de vida”, desde a produção baseada em combustíveis fósseis até ao uso quotidiano. Segundo o estudo, foram identificados mais de 16 mil químicos presentes em produtos de plástico, muitos associados a cancro, doenças cardiovasculares, problemas reprodutivos e alterações cognitivas.
Se o sistema permanecer no rumo atual, as emissões anuais de gases com efeito de estufa do plástico podem vir a aumentar 58% até 2040, atingindo 4,2 gigatoneladas de CO2 equivalente, um volume que faria do plástico “o terceiro maior emissor mundial, logo a seguir à China e aos Estados Unidos”.
Apesar do diagnóstico, o estudo apresenta um caminho claro para inverter o cenário e acredita que o modelo de “Transformação do Sistema” pode combinar redução na produção, reutilização, substituição de materiais e uma gestão de resíduos mais eficaz. Com estas medidas, defendem os autores, a poluição podia ser reduzida em 83% até 2040, e, no caso das embalagens, a redução chegaria mesmo aos 97%.
A transição exigiria uma diminuição de 44% na produção de plástico virgem face às projeções atuais, mantendo “o mesmo nível de serviço para consumidores e empresas”. “A transição criaria 8,6 milhões de empregos adicionais”, incluindo centenas de milhares ligados a sistemas de reutilização, argumenta o relatório.
Os autores alertam que adiar em cinco anos o início desta transformação significaria adicionar mais 1100 milhões de toneladas de plástico produzidas, 540 milhões de toneladas adicionais libertadas no ambiente e 5,3 gigatoneladas de CO2 equivalente emitidas até 2040. “O mundo ainda pode refazer o sistema do plástico e resolver o problema da poluição numa geração, mas os decisores terão de dar prioridade às pessoas e ao planeta”, sublinham.