Na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a transição energética ganhou forma de barco. No dia 26 de junho, às 17h, será apresentado o “Atlântico”, o primeiro protótipo de embarcação solar da FEUP Academic Solar Team (FAST), um projeto que junta sustentabilidade, inovação e engenharia portuguesa. É também o primeiro da sua classe com o casco construído integralmente a partir de fibras naturais.
“O uso da fibra de linho em componentes estruturais é algo ainda não muito estudado, portanto tivemos de fazer pesquisa e realizar testes computacionais, e em laboratório, de modo a garantir que conseguíamos inovar nesta área”, explica João Alegre, líder da FAST. Com apenas oito meses de existência, a equipa é composta por estudantes de vários cursos de engenharia da FEUP e tem como missão demonstrar que o setor do transporte marítimo pode ser mais verde.
O “Atlântico” tem um sistema de transmissão sem engrenagens (gear-less drivetrain), estruturas “sandwich” em cortiça e fibra de linho, e a adoção de hydrofoils — estruturas submersas que funcionam como asas e elevam o barco acima da superfície da água —, o protótipo atinge uma eficiência energética três vezes superior à dos barcos sem esta tecnologia.
“Conseguimos triplicar a eficiência do protótipo, fazendo com que seja preciso muito menos energia para fazer o barco andar e obter uma boa performance”, sublinha João Alegre. A tecnologia permite reduzir o atrito com a água e maximizar o aproveitamento da energia solar, tornando o barco mais rápido e eficiente.
“Podermos levar um barco produzido em Portugal a competições internacionais, com a ajuda de empresas portuguesas, é algo de que nos enche de orgulho”, diz o líder da equipa. O calendário de provas já está definido, com a estreia competitiva agendada para setembro, no “Portugal Boat Challenge”, seguindo-se a participação na “Sardinia Innovative Boat Week”, em outubro, na ilha italiana da Sardenha.
Antes disso, em agosto, o protótipo terá direito a uma demonstração nas águas do Porto de Leixões, um momento pensado para mostrar ao público e aos parceiros o resultado de meses de desenvolvimento e testes. A FAST quer afirmar-se não só como pioneira no Norte do país nesta área (é apenas a segunda equipa nacional a desenvolver uma embarcação solar de competição), mas também como uma referência europeia.
João Alegre já viu o seu envolvimento reconhecido com o Prémio de Cidadania Ativa da Universidade do Porto, atribuído em março deste ano pela sua dedicação à defesa do ambiente.