A mobilidade elétrica continua a ganhar tração na Europa, mas a velocidade não é igual para todos. Os dados mais recentes do Eurostat mostram que, em 2023, circulavam na União Europeia (UE) 4,4 milhões de automóveis elétricos, o equivalente a 1,73% do parque total. Apenas num ano, a Europa ganhou mais 1,4 milhões de veículos a bateria, números que mostram a aceleração da transição energética nas estradas.
Apesar do crescimento, mais de metade das regiões europeias (56,28% das NUTS 2 analisadas) ainda está abaixo da média da UE. O Eurostat sublinha que, na maioria dos países, a adoção é relativamente homogénea entre regiões e sugere que os incentivos nacionais têm desempenhado um papel decisivo neste campo.
O mapa europeu revela um padrão evidente, que destaca o Norte e o Benelux a liderar com 17 regiões já acima dos 4% de carros elétricos. Logo depois vem a Dinamarca, seguida pela Suécia, Países Baixos e Bélgica, incluindo as respetivas capitais. Luxembrugo e a região finlandesa de Helsínquia completam o pelotão da frente das zonas da Europa onde se encontram mais veículos elétricos.
O caso mais extremo é o da região neerlandesa de Flevoland, que registou 17% de elétricos, um valor que, reconhece o Eurostat, é inflacionado pela presença massiva de empresas de renting e leasing. Logo atrás surge Estocolmo, a única outra região europeia com uma quota de dois dígitos (10,7%). Do lado oposto, há ainda várias zonas em que os elétricos representam menos de 0,25% da frota, sobretudo na Europa Central e do Sul, em países como a Grécia, Polónia, Eslováquia ou o sul de Itália.
A adoção de veículos elétricos continua a refletir fatores como o rendimento, preço relativo face aos combustíveis fósseis, subvenções disponíveis em cada país, rede de carregamento ou até os níveis de consciência ambiental. A conclusão, aponta o organismo estatístico da UE, é de que onde há políticas robustas e poder de compra, há mais elétricos.
Portugal tem vendas altas, mas um parque envelhecido
Em território nacional, as vendas continuam a avançar ano após ano, mas o parque automóvel continua a envelhecer. Entre janeiro e outubro deste ano, foram matriculados 219.598 veículos novos, o que representa um aumento de 6,8% face ao período homólogo. Os dados da ACAP indicam ainda que, só em outubro, entraram no mercado quase 20 mil novos veículos, um crescimento de 6,6%.
O destaque vai para os 100% elétricos (BEV), que já representam 22% das novas matrículas de ligeiros de passageiros. É um número que coloca Portugal entre os países europeus com maior dinamismo comercial nesta categoria.
No entanto, o travão tem sido o envelhecimento dos veículos, numa altura em que existem 1,6 milhões de veículos com mais de 20 anos ainda a circular nas estradas portuguesas. É um desafio estrutural que “compromete os objetivos de descarbonização”, avisou recentemente o presidente da ACAP.
A associação defende, por isso, um pacote de medidas integradas que incluam incentivos eficazes para acelerar a mobilidade elétrica, um plano robusto de abate para retirar veículos em fim de vida, uma reforma profunda da fiscalidade automóvel focada em critérios ambientais e o reforço da rede de carregamento.