Não foi uma jovem cineasta, mas nunca deixou de ser uma cineasta nova. Rita Azevedo Gomes é de uma geração em que o cinema era quase só feito de homens. Fez um primeiro filme em 1990 e depois ficou uma década sem filmar. Só nos últimos anos, quando a maior parte das pessoas não teria a energia, é que a criatividade passou a ser esse bicho que se alimenta e que cresce. Tem trabalhado intensamente. Depois de "Correspondências", a partir das cartas que Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena trocaram, e que está nomeado para os Prémios Sophia, estreia "A Portuguesa". Foi uma das surpresas do Festival de Berlim. É de um rigor e de um risco que é raro encontrar no cinema atual. Um filme que podia ser feminista, se ela acreditasse que os filmes servem para essas coisas e ficassem presos no seu tempo.