A mão do Diabo
Carmichael é um justiceiro perdido nos seus pesadelos. Procura desesperadamente a mão esquerda que lhe deceparam quando era jovem. Num pequeno hotel de uma localidade perdida, encontra dois jovens que o tentam enganar. O humor negro e a criatividade politicamente incorrecta de Martin McDonagh ganham nova luz com a encenação de António Cordeiro. No Teatro Villaret.
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Toda a peça é um exercício alucinante de humor negro absurdo. E isso é desenvolvido de forma muito estimulante e credível pelos quatros actores em palco: António Cordeiro (Carmichael), Salvador Sobral (Mervyn), Sabri Lucas (Toby), e Juana Pereira da Silva (Marilyn). Todas as sombras da peça de Martin McDonagh ganham aqui contornos iluminados, no meio de um universo onde o politicamente correcto é atirado para debaixo do tapete. A peça é típica do mundo criativo do autor, que conseguiu recriar a sensibilidade sombria do cinema negro americano, juntando-lhe a devastadora e cínica retórica amoral que encontramos nos filmes de Quentin Tarantino. As personagens são obcecadas e, de alguma maneira, mentem com naturalidade e criam fantasias pouco credíveis. No fundo, são pessoas que avançam pela vida atrás dos seus fantasmas. E é aí que tudo acaba por ser uma comédia.
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