As fronteiras que não existem
Histórias de pessoas que um dia se hão-de encontrar
- Partilhar artigo
- ...
José Mário pega nas personagens decimais e alinha-as numa fronteira. Que pode ser física ou imaterial, mas que é mágica. Uma fronteira que é um jogo onde todas as combinações são risíveis. As personagens já estão com o bornal às costas, de partida das suas histórias. Vão para um lugar transitório. Afonso, que aluga recordações, está numa dessas fronteiras. A da lembrança que os outros guardam de si. Daqueles que passam pelas Escadinhas do Duque e contemplam, com nostalgia, o letreiro que anuncia - trespassa-se, com recheio. É para este anúncio que olham Sahle e Ashente, mãe e filha etíopes que atravessaram muitas fronteiras para chegarem aqui. Fronteiras de rostos suados a examinarem minuciosamente os seus passaportes. A desconfiarem. Elas a quererem deixar o passado para trás e aqueles homens fardados a teimarem nele. A loja de recordações, que se arrenda por catálogo, é um encontro com outro destino. Uma fronteira que precisam de superar para se aquietarem.
Mais lidas