Há uns meses, com um Porto numa mão e um charuto noutra (terapia eficaz contra a barbárie que nos enoja os dias), dei por mim a pensar nas pessoas a quem devo o que sei sobre vinho do Porto. Produtores, enólogos, um ou outro jornalista, relações públicas das firmas (gente tão competente que devia ensinar nas universidades), um responsável institucional (o Bento Amaral, claro) e pouco mais. Mas, quando registava os nomes no verso de uma factura de restaurante e me preparava para escrever Paulo Cruz/Bar do Binho, pousei a caneta. Ah!, o Paulo; ah!, o Porto Extravaganza; ah!, as noites memoráveis em Sintra com vinhos que nunca mais beberei. Em 2001, 2002 e 2005, Paulo Cruz organizou as melhores provas de vinhos do Porto a que assisti. Nunca me esquecerei do que sentia quando as portas da Sala da Nau do Palácio Valença se abriam. Uma explosão de aromas de madeiras exóticas, especiarias, frutos secos, frutos em passa, vernizes, acetonas, tabacos, pastelaria, ervas, demais perfumes e outras coisas misteriosas. Fiquei sempre com a ideia de que se o "lobby" do céu não fosse assim, eu dava-me como ateu.