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Miguel Loureiro: O teatro é uma casa para praticar a rebeldia

Miguel Loureiro escolheu o escritor alemão W.G. Sebald (1944-2001), um dos autores europeus mais importantes do final do século XX, para fazer um espectáculo que é quase um recital e nesse gesto, num tempo de grandes efeitos, distracções, entretenimentos, novidades, há já rebeldia. Em "Do Natural", um poema de certa forma documental, contam-se os percursos de três personagens que existiram em três épocas diferentes, e que se confrontam com a natureza, às vezes, a sua própria natureza. Descobre-se que tudo está ligado e que nunca poderemos fugir ao passado. Miguel Loureiro é um actor que decidiu começou a encenar para corrigir lacunas, para fazer textos periféricos, talvez impossíveis. Tem uma pequena estrutura chamada 3/Quartos e uma gaveta com projectos que dariam para vários anos. Desde cedo que lhe pareceu maravilhoso viver dentro do teatro, e, um dia, isso era incurável.

20 de Fevereiro de 2015 às 12:02
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1. Cheguei ao teatro a ver teatro. Vivia em Cascais e comecei a ir ao Teatro Experimental de Cascais (TEC). Na altura, foi importante para mim aquele teatro dos grandes gestos que fazia o Carlos Avilez. Depois, quando comecei a tomar coragem, comprava o bilhete de comboio e ia ver teatro a Lisboa. O meu teatro favorito era o Teatro da Graça, do Carlos Fernando, onde vi os Tennessee Williams todos. Depois comecei a ir ver o Teatro da Cornucópia, o Bando... Lembro-me que gostava de ver filmes na televisão em que havia teatro dentro do cinema. Lembro-me de um, que já não sei qual era, que tinha um grupo de resistentes socialistas - passava-se durante a Segunda Guerra Mundial, numa cidade sitiada - que vivia dentro de um teatro e ensaiavam para não enlouquecerem com as bombas. Achei isso maravilhoso: uma vida dentro do teatro.

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