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Os homens do contrabando

Para “além” ia o tabaco e o café, para cá vinham tecidos de bombazine, calçado com sola de borracha, conhaque Domecq e miolo de amêndoa. Os anos da fome e da miséria do século XX acentuaram o “contrabando para a barriga” nas margens do Guadiana. Ildefonso Martins e António Madeira, antigos contrabandistas, atravessavam o rio e com eles transportaram bens, e até homens. A espreitá-los estavam guardas-fiscais como António Galrito e Mário Baptista. Uns e outros vigiavam-se mutuamente. As suas vivências são recordadas este fim de semana, na 3ª edição do Festival do Contrabando, que atrai muitas pessoas a Alcoutim, o concelho do Algarve com a densidade populacional mais reduzida.

Miguel Baltazar
29 de Março de 2019 às 11:00
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Com uma corda nos dentes, segurando o "oleado" ou a "mochila", Ildefonso Martins conta em mais de mil as vezes que atravessou o Guadiana, desde Alcoutim a Sanlúcar, "banhando" e aproveitando as quebradas do rio para chegar à margem espanhola. Tem 98 anos e apresenta-se como um "contrabandista diplomado". Ele era "patrão". Líder da quadrilha. Ildefonso é uma figura mítica na terra. Todos conhecem ou querem conhecer o capitão que carregava quilos de café às costas. Não lhe falta o epíteto de Don Juan. À antiga. O corpo está mais curvo, mas os olhos, e sobretudo o olhar, mostram um homem rijo e orgulhoso dos seus feitos: "Fui contrabandista durante mais de 50 anos e voltaria a fazer o mesmo".

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