Os Novos Chineses
Mais do que em comunidade chinesa em Portugal, deverá falar-se em subcomunidades e segmentos, um retrato que a crise, aliada à investida das grandes companhias chinesas no País e à entrada de investidores médios, tornou bem mais intrincado.
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Este sábado há festa na Praça Martim Moniz. Há ópera de Sichuan, dança da etnia Han, espectáculo gestual, números com instrumentos tradicionais como yaogu e guzheng. Há música e danças com nomes como Chuva da Primavera, A Colheita, Calvário de Su San, Qingtian, Estás bem? São as boas-vindas ao novo ano chinês na terra dos "velhos amigos". A comunidade chinesa em Portugal é robusta. Mais do que em comunidade, deverá falar-se em subcomunidades e segmentos, um retrato que a crise, aliada à investida das grandes companhias chinesas no País e à entrada de investidores médios, aliciada por vistos "gold", tornou bem mais intrincado. Às estruturas familiares, que vieram, sobretudo, de Zhejiang, a quarta província mais rica da China, com uma longa tradição de emigração para a Europa, juntam-se chineses encarreirados e qualificados. São investidores médios, com idades entre os 30 e os 50 anos, que transitam em solo português, passam pelos hotéis Sana e Meliá, em Lisboa, muitos deles à procura de segurança jurídica. "Na China, estes investidores estão sujeitos à arbitrariedade do governo e podem mesmo ver as suas propriedades confiscadas", diz, em entrevista ao Negócios, Miguel Santos Neves, investigador do Network of Strategic and International Studies (NSIS), que estuda a comunidade empresarial chinesa em Portugal. Um ano depois do lançamento dos vistos para a autorização de residência para actividade de investimento (ARI), o Governo deu luz verde à entrada de 416 chineses em Portugal, anunciou esta semana o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete. "O chinês tem muito interesse nos vistos 'gold', os amigos portugueses já perceberam isso", disse, então, o embaixador da China em Portugal, Huang Songfu.
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