Portugal, mesmo sem quase reparar, sempre esteve ligado ao Oriente. Mesmo antes das Descobertas. Foi a arte de marear dos pilotos árabes que estabeleceu a escola portuguesa de pilotar no oceano, foi o compasso, uma invenção chinesa, que tornou possível fazer mapas. Antes de chegar ao Oriente, Portugal já estava em contacto com ele. Quando se criou a Rota do Cabo, com o vaivém de especiarias e riquezas entre Ásia e a Europa, os portugueses abriram o caminho da globalização comercial mas, ao mesmo tempo, estabeleceram laços culturais de que hoje ainda há memória. Não só em Macau e em Timor, mas também na Índia, na Tailândia, no Golfo Pérsico ou no Japão. Muita desta ligação foi desprezada. E deixou-se de investir nesta ligação histórica. Só a crise económica e a entrada em força das empresas chinesas em Portugal parece ter despertado novamente a memória adormecida.