pixel

Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

C-Studio

C•Studio é a marca que representa a área de Conteúdos Patrocinados do universo Medialivre.
Aqui as marcas podem contar as suas histórias e experiências.

Propostas legislativas ameaçam progresso da mobilidade elétrica

Portugal é um caso de sucesso na mobilidade elétrica, mas alterações ao seu regime jurídico podem comprometer o progresso, avança associação de utilizadores.

17 de Abril de 2025 às 14:03

Portugal encontra-se entre os países mais avançados da União Europeia na quota de mercado de veículos elétricos ligeiros, ocupando a 11.ª posição entre os 27 países da União Europeia, segundo dados do Observatório Europeu de Combustíveis Alternativos (EAFO) do 4.º trimestre de 2024.

Este desempenho deve-se, segundo a UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, em larga medida, à criação de um ecossistema robusto e alinhado com as necessidades da mobilidade sustentável. Para Pedro Faria, presidente da associação, "Portugal desenvolveu um ecossistema muito adequado para a transição energética das frotas". "Um conjunto de detalhes que, todos juntos, facilitam e promovem a adoção da mobilidade elétrica nas frotas das empresas", sublinha.

Contudo, para a UVE, o novo regime jurídico da mobilidade elétrica, atualmente em análise após o período de consulta pública que terminou a 29 de março, levanta sérias preocupações. Uma das principais críticas prende-se com a possibilidade de terminar a obrigatoriedade da interoperabilidade dos cartões de carregamento. "Um cartão de frota elétrica para toda a rede pública de carregamento é um fator determinante na facilidade da adoção da mobilidade elétrica. A segurança de acesso a todos os postos da rede pública é crucial na transição das frotas", alerta Pedro Faria. Para a UVE, esta medida significaria um retrocesso, numa altura em que países como a Alemanha exigem precisamente o contrário: acesso universal, transparente e sem discriminação.

Fim do DPC pode travar investimento privado

Um outro ponto sensível para a UVE prende-se com a provável extinção do modelo de Detentor de Posto de Carregamento (DPC), que tem permitido às empresas garantir que os veículos estão operacionais sem depender exclusivamente da rede pública. O sucesso de um modelo que, afirma Pedro Faria, "permite trazer para o domínio privado a mesma fórmula global das frotas, integrando o carregamento público e privado numa mesma solução para as empresas, o que traz um enorme conforto, a todos os níveis, para os colaboradores". "É algo único disponibilizado pelo atual regime jurídico da mobilidade elétrica, que este projeto de decreto-lei põe em sério risco", acrescenta. A associação considera que este modelo tem sido essencial para uma transição energética integrada e eficaz nas empresas, permitindo-lhes gerir as suas frotas elétricas com flexibilidade e controlo.

Pesados de mercadorias ainda sem apoio

Um outro tema importante para as frotas, segundo a associação, é a falta de investimento  na transição dos pesados de mercadorias. Para a UVE, são necessários passos importantes na eletrificação das frotas de pesados de mercadorias. "Se nos pesados de passageiros, Portugal conseguiu criar um programa de apoios significativo e com boa taxa de sucesso, nas mercadorias ainda não existiram programas de apoio e pouco ou nada foi feito neste setor específico", nota Pedro Faria. Recentemente a UVE apresentou as suas propostas para os programas eleitorais dos partidos políticos com assento parlamentar, em que existe um ponto específico sobre este tema. Segundo a associação, "é urgente recuperar o atraso em que Portugal, se encontra, face à média europeia, nesta tipologia específica dos transportes rodoviários".

Para Pedro Faria, estamos "num momento crítico em Portugal, que pode significar um retrocesso ou, no mínimo, um forte abrandamento na transição energética das frotas das empresas". A UVE, garante, "tem demostrado estas preocupações junto da tutela, e espera que seja possível regressar a uma fase de diálogo com o próximo governo, melhorando o futuro decreto-lei que estabelece o regime jurídico da mobilidade elétrica", conclui.

Estamos num momento crítico em Portugal, que pode significar um retrocesso ou, no mínimo, um forte abrandamento na transição energética das frotas das empresas.Pedro Faria, presidente do Conselho Diretivo da UVE

UVE lança observatório de mobilidade elétrica

O Templo da Poesia, em Oeiras, foi recentemente palco da apresentação do Observatório da Mobilidade Elétrica (O-ME), uma nova plataforma online lançada pela UVE, que promete transformar a forma como se acompanha a mobilidade elétrica em Portugal. Disponível desde 7 de abril, o Observatório é "mais um passo na promoção de uma mobilidade elétrica informada, acessível e sustentada por dados concretos", conta Pedro Faria. Esta iniciativa quer ser "uma contribuição relevante para o desenvolvimento de soluções de mobilidade mais eficientes, fornecendo ferramentas para melhores decisões e opções por parte de todas as entidades e empresas do setor", afirma o responsável.

Durante o evento, foi também anunciado que o Encontro Nacional de Veículos Elétricos (ENVE) 2025 se realizará em Oeiras, a 20 e 21 de setembro, no Passeio Marítimo de Algés. Este continuará a ser o maior evento dedicado à mobilidade elétrica em Portugal e, este ano, dará especial destaque à eletrificação dos veículos pesados de mercadorias — uma das grandes apostas para descarbonizar o setor dos transportes.

Mais notícias