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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Portugal Capital Markets Day 2025

Portugal quer afirmar-se como destino competitivo de capitais

A Euronext Lisbon e a Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado juntaram, no Portugal Capital Markets Day 2025, investidores internacionais e decisores nacionais.

13:42
Miguel Athayde Marques, presidente da AEM, Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, e o primeiro-ministo, Luís Montenegro, conversam à chegada ao Portugal Capital Markets Day 2025.
Miguel Athayde Marques, presidente da AEM, Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, e o primeiro-ministo, Luís Montenegro, conversam à chegada ao Portugal Capital Markets Day 2025.

Um evento de dois dias procurou mostrar Portugal como destino atrativo de investimento nacional e estrangeiro. A segunda edição da conferência Portugal Capital Markets Day, na Culturgest, em Lisboa, inaugurou a organização conjunta da e da (AEM), que apresentaram um estudo da Universidade Católica sobre as oportunidades de investimento.  “Queremos que esta iniciativa se apresente como um zoom da economia portuguesa, mostrando a profunda transformação do país, nem sempre visível ou compreendida”, anunciou a presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, na primeira intervenção na conferência.

Inúmeras personalidades responderam a esta proposta dos organizadores do Portugal Capital Markets Day, entre os quais o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o presidente da Caixa Geral de Depósitos e anfitrião da iniciativa, Paulo de Macedo, o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, e o responsável máximo da Comissão de Mercado de Valores Imobiliários, Luís Laginha de Sousa.

No discurso de boas-vindas às dezenas de participantes, Isabel Ucha assumiu o maior fôlego desta segunda edição da conferência, que mantém a vocação inicial de “atração de investimento, melhoria de liquidez e de avaliação das empresas portuguesas”. Os promotores reforçaram este propósito com a organização de 250 interações individuais e de grupo de empresas portuguesas com 55 investidores institucionais provenientes de Espanha, França, Bélgica, Grã-Bretanha, Itália, Suíça, Finlândia e Singapura, durante dois dias.

Estes investidores tiveram ainda oportunidade de conhecer a visão do Governo num jantar com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz. “Queremos mostrar-lhes como Portugal está a progredir em áreas críticas e competitivas, como inovação, talento e infraestruturas, algumas também recentes”, justificou Isabel Ucha. 

Prioridade nacional

O presidente da AEM, Miguel Athayde Marques, frisou igualmente a crença firme no papel essencial das empresas num crescimento económico sustentável e competitivo. “Estas empresas dão escala à economia portuguesa”, defendeu, porque “investem, inovam, oferecem trabalho qualificado e ligações internacionais”. No entanto, o também vice-reitor da Universidade Católica reclamou, em nome da AEM, um papel de relevo para o mercado financeiro. “É também nossa forte convicção que qualquer discussão relativa ao futuro da economia portuguesa deve pôr ênfase no mercado de capitais e nos produtos de investimento a longo prazo”, defendeu Miguel Athayde Marques. “Os mercados de capitais não devem ser vistos como um setor separado da economia real. São engenhos essenciais de crescimento e criação de valor, transformando poupanças em investimento, inovação em valor e riqueza, que pode ser distribuída pela sociedade. É a razão pela qual a AEM mantém que o desenvolvimento do mercado de capitais deve ser encarado como uma prioridade nacional”, justificou o responsável. “Na realidade, os mercados de capitais trazem diversificação às fontes de financiamento das empresas, reforçando a estratégia de autonomia. Os mercados de capitais também constroem sofisticados ecossistemas, criam bons empregos e atraem talentos”, sublinha Miguel Athayde Marques.

Miguel Athayde Marques, presidente da AEM, Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, e o primeiro-ministo, Luís Montenegro, conversam à chegada ao Portugal Capital Markets Day 2025.
Miguel Athayde Marques, presidente da AEM

Por sua vez, Isabel Ucha recordou que a agenda europeia valoriza o sistema financeiro, como demonstra a iniciativa União da Poupança e dos Investimentos (UPI), uma forma de juntar pequenos capitais e empresas. “A Europa percebeu que jogar o jogo da inovação requer a solidez de um toolkit, nomeadamente mercados de capitais mais eficazes e integrados. O sucesso dessa iniciativa também depende da visão e compromisso dos governos dos diferentes países”, lembrou a presidente da Euronext Lisbon.

O exemplo da Suécia, que passou de 200 mil investidores em 2012 para os atuais quatro milhões, quase metade da população, fortaleceu a defesa desta cultura de risco e de empreendedorismo. “Isto falta nalguns países, nomeadamente em Portugal”, alertou Isabel Ucha.

Crescimento à vista

Um estudo realizado pela Católica Lisbon Business e Economics a pedido da Euronext Lisbon e da AEM, intitulado “Report Innovation and Infrastructures: Connecting Portugal with the Future”, documenta as oportunidades de investimento. Identifica quatro áreas de crescimento, alinhadas com a política industrial comunitária: saúde, farmacêutica e biotecnologia; centros de competência de multinacionais; digital e defesa e drones.

Na apresentação do estudo, o diretor da faculdade, Filipe Santos, nunca mencionou o turismo, porque “já não existe uma bala de prata, uma flecha”, um único setor de investimento. “Nos nossos dias, a economia portuguesa tem uma série de drones, todos diferentes, impulsionados pela energia renovável, ligados, capazes de fazer face à batalha da competitividade global. Temos empresas com capacidade para implementar este projeto por causa do trabalho que fizemos no passado e da transformação da indústria. E se conseguirmos esse investimento adicional, a economia portuguesa crescerá acima dos 2,5 por cento previstos”, explicou o académico.

A equipa de Filipe Santos analisou a recente história económica de Portugal para compreender as transformações dos derradeiros 20 anos em todas as áreas. “A última década tem sido de investimento em capital humano, ciência e inovação. Começámos a ver os resultados há dois anos e agora estamos bem posicionados para sermos um hub de atração de investimento e desenvolvimento económico”, rematou o dean da Universidade Católica.

Os mercados de capitais não devem ser vistos como um setor separado da economia real. Miguel Athayde Marques, presidente da AEM
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