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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Portugal Capital Markets Day 2025

Primeiro-ministro defende reforço do mercado de capitais

No Portugal Capital Markets Day 2025, Luís Montenegro defendeu o papel essencial dos mercados de capitais no financiamento das empresas portuguesas e como destino seguro das poupanças das famílias.

13:41
Primeiro-ministro alertou que a Europa não pode continuar a assistir à canalização dos recursos financeiros para outros mercados de capitais.
Primeiro-ministro alertou que a Europa não pode continuar a assistir à canalização dos recursos financeiros para outros mercados de capitais.

A palavra estabilidade pontuou o discurso de Luís Montenegro, que enunciou as razões pelas quais “vale a pena acreditar em Portugal, que pode sustentar negócios e atividades empresariais”. A estabilidade política, económica, social e financeira é um ativo, ao qual o primeiro-ministro ambiciona juntar um mercado de capitais que “possa aproveitar a embalagem do país em termos de transformação para também se valorizar”.

Embora realçasse o contributo do mercado de capitais para a economia nacional, nomeadamente como alternativa de financiamento das empresas e instrumento de poupança, Luís Montenegro lamentou o desperdício de investimentos em blocos comerciais concorrentes da União Europeia. “A Europa não pode continuar a assistir impávida e serena à canalização dos recursos financeiros para outros mercados de capitais, em particular o americano, porque é um duplo erro. Não só não aproveitamos o potencial de financiamento da nossa economia como ainda o pomos à disposição dos nossos concorrentes. Com isso, temos dupla perda de competitividade. Ajudem os governos a decidir bem, depressa, a concretizar tantos objetivos que estão há tantos anos nos papéis. Para podermos ter agilidade suficiente no reforço dos nossos instrumentos financeiros e o melhor desempenho económico através deles”, afirmou o líder do Executivo. 

Números animadores

Luís Montenegro garantiu o compromisso do Governo na melhoria das condições de atração de investimento. Apesar de um contexto internacional incerto, “não só a economia portuguesa tem vindo a apresentar sinais positivos e sólidos em termos de crescimento, prevendo-se um PIB de 2,3 por cento em 2026, como a expectativa aponta para um superavit orçamental de 0,1 por cento” no final do próximo ano.

“Apesar de todos os avisos e opiniões em sentido diverso, vamos surpreender novamente e superar essas resistências em termos de otimismo. Na senda desse percurso, que alia crescimento económico e sustentabilidade financeira, continuaremos a reduzir o peso da nossa dívida pública, que tem tido um desempenho notável”, enalteceu Luís Montenegro.

Na memória, “a profunda crise financeira de Portugal, há 15 anos, no decurso da qual saiu com o endividamento elevadíssimo de 134,01 por cento do PIB”. Para 2026, o Governo prevê um número inferior a 88 por cento, a demonstrar “uma trajetória e esforço notáveis, que fazem corar muitos daqueles que duvidaram deste impacto e firmeza”.

A prioridade do Executivo à manutenção dos índices de segurança e a redução dos impostos sobre o rendimento do trabalho e das empresas como esteio da política económica foram realçados por Luís Montenegro. “Para nós, a política fiscal não é um instrumento de política financeira. A receita dos impostos importa à gestão financeira do Estado, mas a forma como se desenha é um instrumento de política económica e de justiça social. Queremos que seja um fator de previsibilidade e estabilidade. Não queremos fazer o que durante muito tempo se fez – mudarmos praticamente os impostos, todos os anos, na Lei do Orçamento do Estado”, frisou o primeiro-ministro.

Portugal precisa de capital e pode atrair capital. Paulo de Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos.

Futuro definido

O presidente da Caixa Geral de Depósitos (), Paulo de Macedo, comentou vários pontos da intervenção do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na sessão dedicada ao tema “Portuguese Investment Outlook in Perspective”. Considerou “positiva” a manutenção das taxas de IRC estáveis nos próximos três anos e defendeu uma política fiscal “mais razoável”, acompanhada por uma redução significativa da burocracia.

Esta intervenção de enquadramento da economia portuguesa no panorama internacional baseou-se também nas conclusões do relatório da McKinsey. Embora Luís Montenegro não tenha abordado a temática da imigração, Paulo de Macedo começou por sublinhar a importância desta força de trabalho, qualificando-a como “absolutamente essencial” para o setor do turismo, tanto em Portugal como em Itália.

Referindo-se ao relatório, o presidente da CGD salientou que parte do crescimento futuro da economia nacional deverá surgir de novas áreas, como o comércio eletrónico, a aposta espacial e a segurança. Identificou igualmente setores nos quais Portugal pode atrair mais capital devido a vantagens competitivas, nomeadamente baterias, veículos elétricos, software e cibersegurança. “Podemos ser competitivos em áreas nas quais conseguimos estabelecer sinergias”, explica.

Paulo de Macedo reforçou ainda que um mercado de capitais forte constitui uma alternativa relevante ao financiamento tradicional bancário. “É uma questão de saber como dar confiança aos jogadores”, sintetizou.

A finalizar a exposição, o CEO do maior banco nacional recorreu a uma metáfora inspirada no piloto brasileiro Ayrton Senna para ilustrar a oportunidade económica que Portugal enfrenta, defendendo “um passo em frente”, tanto das grandes empresas como das entidades que supervisionam o mercado de ações. “Portugal precisa de capital e pode atrair capital”, afirmou Paulo de Macedo. “Não se ultrapassam 15 carros num dia de sol, mas é possível fazê-lo num dia de inverno”, escreveu na despedida, citando o antigo campeão mundial.

Primeiro-ministro alertou que a Europa não pode continuar a assistir à canalização dos recursos financeiros para outros mercados de capitais.
Paulo de Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos
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