Klaus Regling não dá como certo novo resgate a Portugal
O responsável pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira "ainda não dá por adquirido" que Portugal precise de mais dinheiro emprestado pelos parceiros europeus, apesar das especulações sobre a incapacidade de Portugal regressar aos mercados em 2014.
"Até ao momento, não tenho indícios de se venham a produzir novos programas para outros estados da zona euro", disse o responsável do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), o alemão Klaus Regling, numa entrevista ao diário Handelsblatt, divulgada antes de serem conhecidas as oitava e nona avaliações da 'troika' de ajuda externa a Portugal.
Regling, que liderou antes o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), considerou, na mesma entrevista ao diário alemão, bastante provável que a Grécia precise de um terceiro resgate. "Está muito claro que a Grécia ainda não pode voltar a refinanciar-se com os seus próprios títulos", afirmou Regling, dando consequentemente por necessária una terceira linha de ajuda financeira internacional para Atenas.
O FEEF já proporcionou 192 mil milhões de euros em créditos a Grécia, Portugal e Irlanda, enquanto o MEDE assumiu a ajuda financeira à banca espanhola e o resgate de Chipre.
Regling comentou também o temor em alguns países do norte europeu sobre a implicação financeira dos seus estados e dos riscos de não reembolso das ajudas: "O dinheiro não desapareceu. Está em garantias, participações no MEDE e créditos que serão reembolsados nos próximos anos", explicou. O responsável do MEDE disse ainda que as verbas do orçamento alemão afectadas a este conceito têm sido escassas até agora.
O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o secretário de Estado adjunto, Carlos Moedas, apresentaram na quinta-feira as conclusões do oitavo e nono exames regulares ao cumprimento do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), na Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa.
A 'troika' deu nota positiva a Portugal ao fim da oitava e nona avaliações regulares ao programa de assistência, informou o Governo, em conferência de imprensa. "Passámos estas avaliações, o que credibiliza Portugal e permite ao país aproximar-se decisivamente do fim do processo de ajustamento", afirmou Paulo Portas.
A 'troika' chegou a Lisboa a 16 de Setembro para iniciar a oitava avaliação ao PAEF, ao abrigo do qual Portugal vai receber no total 78 mil milhões de euros ao longo de três anos. No final de Julho, Portugal já tinha recebido 67.298 milhões de euros, o equivalente a 86,3% do total do envelope financeiro acordado, segundo o boletim mensal de agosto do IGCP, a agência que gere a dívida pública.
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