“2026 promete manter uma economia vacinada contra as questões políticas”
“2026 promete ser um ano na sequência de 2025, com poucas incertezas económicas e quase nenhumas incertezas financeiras”, apesar da “maior das confusões geoestratégicas e políticas, que se perspetiva que possam continuar”, antecipa António Ramalho no 44.º episódio do podcast Partida de Xadrez, que vai para o ar esta segunda-feira no site do Negócios e nas principais plataformas.
Depois de neste final de 2025 termos visto Portugal eleito Economia do Ano para a Economist e Donald Trump lançar-se ao ataque à União Europeia, 2026 será, para Gonçalo Moura Martins, “um ano decisivo em muitas matérias nacionais e internacionais que irão condicionar o nosso país e o mundo nas próximas décadas”. Em seu entender, “os desafios são inúmeros e enormes, mas a vontade, a capacidade e a coesão para os enfrentar é que não se antevê à altura, o que torna o otimismo mais difícil de sustentar”.
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Para António Ramalho, “como não é de esperar que haja uma alteração substancial na Administração Trump e no seu modelo vocal, até por causa das eleições “midterm” em novembro, o que é de esperar é que a própria economia também tenha um comportamento muito estável”. Em seu entender, “os níveis de incerteza aumentaram muito do ponto de vista mediático, geoestratégico e político, mas a economia passou com uma certa indiferença perante a grande volatilidade introduzida pela Administração Trump e os objetivos imediatos, novos e imprevistos que coloca no modelo geoestratégico mundial”.
Para Gonçalo Moura Martins, “a economia portuguesa vai sofrer se o mundo sofrer”. “Se houver uma alteração anormal face as perspetivas de hoje relativamente aos equilíbrios do mundo isso vai afetar a economia portuguesa. Se não, a economia portuguesa tem espaço para continuar o bom desempenho”, salienta, alertando contudo para “o aumento continuado e expressivo da despesa fixa do Estado”, que é “importante que o Governo controle”.
Para o gestor, os grandes riscos são externos, ainda que, sublinhe, “os dois grandes blocos que se previa que seriam prejudicados pelas tarifas dos EUA – a União Europeia e a China - apresentaram superávites comerciais como nunca tinham tido na história”.
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Também António Ramalho sublinha os riscos que existem no próximo ano, que são externos e de insucesso, seja da política de tarifas norte-americanas, do reequilíbrio das finanças intrarregionais europeias e do benefício da Inteligência Artificial.
Já sobre as previsões para a economia portuguesa, o gestor considera que a estimativa do Governo que aponta para um crescimento do PIB de 2,3% em 2026 é “interessante tendo em conta a média prevista para a União Europeia”, mas “insuficiente para a nossa capacidade de recuperação e considerando a nossa posição geoestratégica”. Em seu entender, “é desejável que Portugal tenha a ambição de trabalhar 1% acima da média da Europa”.
Já sobre se Portugal registará em 2026 um défice ou um excedente orçamental, Gonçalo Moura Martins afirma que se esse saldo, que o Governo acredita ser positivo em 0,1% do PIB, acabar negativo em 0,1%, é uma “perda na credibilidade total”.
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