Autoridades do Irão retiram acreditação à Reuters "por tempo indeterminado"

"A decisão foi tomada após a difusão de um vídeo pelo departamento vídeo da agência, que qualificava como terroristas determinadas atletas femininas que praticam ninjutsu", precisou.

A reportagem vídeo foi difundida pela Reuters no início de Fevereiro e mostrava mulheres num treino de "ninjas" na cidade de Karaj, cerca de 50 quilómetros a noroeste de Teerão.

Na semana passada, a Reuters tinha referido num despacho que a reportagem tinha sido inicialmente divulgada com o título "milhares de mulheres 'ninjas' treinam-se para se tornarem nos assassinos do Irão", mas após ter recebido queixas de Teerão o título foi mudado para "Três mil mulheres 'ninjas' treinam-se no Irão".

Os "Assassinos", ou "Hashishin", eram uma seite guerreira formada no tempo das cruzadas e um dos seus bastiões situava-se nas margens do Mar Cáspio, junto ao Irão.

De acordo com a televisão iraniana Press TV, diversas mulheres que surgem na reportagem terão demonstrado a intenção de apresentar queixa contra a Reuters.

Numa reportagem hoje difundida, a Press TV, financiada pelo Estado, indicou que a Reuters não apresentou desculpas por ter acusado as mulheres que surgiam na reportagem de serem "assassinos clandestinos ao serviço da República islâmica".

De acordo com as declarações divulgadas pela Irna, Aghajari considerou que a reportagem da Reuters "fornecia uma imagem muito negativa", deixava entender "que o ensino do assassínio e do terrorismo é praticado no Irão" e demonstrava "um desejo da agência de pressionar a opinião pública".

A suspensão da acreditação do escritório da Reuters no Irão vai ser mantida "até à conclusão de uma análise completa deste caso", precisou ainda o responsável pelo Ministério da Cultura.

As actividades dos jornalistas e dos media estrangeiros no Irão são vigiadas ao pormenor pelas autoridades.