Cheias na Alemanha devem elevar inflação na Zona Euro acima dos 2%

As recentes cheias que têm assolado a Alemanha, segundo a Morgan Stanley, poderão elevar o nível de inflação na Zona Euro acima do limite dos 2%. O défice alemão deverá ascender aos 3% do PIB, um cenário previsto por Maastricht, que afasta sanções.
Pedro Carvalho 20 de Agosto de 2002 às 09:44

As recentes catástrofes naturais que têm assolado a Alemanha, segundo a Morgan Stanley, poderão elevar o nível de inflação na Zona Euro acima do limite dos 2%. O défice alemão deverá ascender aos 3% do PIB, um cenário previsto por Maastricht, que afasta sanções.

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A recentes cheias na Alemanha, segundo um estudo da Morgan Stanley, deverão ter um impacto a nível macro-económico quer na Alemanha, quer na Zona Euro.

O impacto sobre o nível do produto interno bruto (PIB) na Alemanha, a curto prazo, deverá ascender a dois décimos do crescimento do PIB no terceiro trimestre.

Ontem, o Bundesbank anunciou que o PIB da economia alemã cresceu 0,25% no segundo trimestre deste ano, face aos três meses anteriores, valores que saíram em linha com as estimativas dos economistas.

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A destruição das colheitas, segundo a Morgan Stanley, deverá provocar uma pressão sobre a procura de produtos frescos, com o natural impacto sobre os níveis de inflação.

Para os próximos meses, o banco de investimento estima que a situação da economia alemã eleve o nível de preços (HIPC) na Zona Euro acima do tecto dos 2%, «permanecendo nesses níveis até ao final do ano».

O Eurostat confirmou ontem que a inflação na Zona Euro manteve-se em Julho no nível mais baixo dos últimos dois anos e meio, nos 1,9%. Para Agosto, segundo o estudo da Morgan Stanley, este nível deverá acelerar para os 2,2%, numa base anual, «um factor que, dada a deterioração das condições económicas, não deverá conduzir a nenhuma alteração nas taxas de juro por parte das autoridades monetárias».

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Alemanha não sofrerá sanções por exceder no défice

O impacto das cheias nos cofres do Estado tem vindo a levantar questões relacionadas com o cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) por parte da Alemanha.

Antes das catástrofes naturais, a Morgan Stanley estimava que o défice na Alemanha fosse de 2,9% do nível do PIB. Na semana transata, Gerhard Schroeder prometeu uma ajuda «generosa» às zonas afectadas, e quando questionado sobre o incumprimento do PEC, o chanceller foi lacónico em responder «é uma questão que não me interessa».

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Para a Morgan Stanley, mesmo que a ajuda do Estado ascenda aos 2 mil milhões de euros, é um valor que só representa 0,1% do défice imposto por Maastricht.

No entanto, o banco alerta que apesar do efeito ser marginal, deverá ser o suficiente para colocar o défice acima do limiar dos 3%. Contudo, a Alemanha não deverá sofrer sanções por parte da Comissão Europeia já que, uma grave recessão económica, ou causas naturais que deteriorem a economia, e que elevem o défice, estão contempladas por Maastricht e não implicar sanções.

Portugal foi o primeiro país da Zona Euro a superar o tecto de 3% do PIB para o défice imposto pelo PEC, ao registar um défice orçamental de 4,1% do PIB no ano passado. Para 2002, e após a aprovação de um Orçamento Rectificativo, o actual Governo estima que o défice caia para os 2,8% do PIB, e atinja um valor «próximo de zero» em 2004.

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