Crise política? Gentiloni não comenta mas destaca ação "impressionante" do Governo na economia
O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, recusou esta sexta-feira comentar a crise política gerada em torno da companhia aérea TAP, mas sublinhou que, apesar da agitação interna, a economia portuguesa continua a ter um desempenho "impressionante", sobretudo na redução da dívida pública.
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"Posso dizer que sou um especialista em instabilidade política, tendo em conta os meus trabalhos anteriores", começou por referir, em conferência de imprensa com um ministro das Finanças português, numa visita oficial a Lisboa, quando questionado sobre como está a ser vista em Bruxelas a atual instabilidade política gerada em torno à TAP e à alegada intenção do Presidente da República de deixar cair o Governo se o ministro das Infraestruturas, João Galamba, não resistir à comissão de inquérito.
Paolo Gentiloni destacou que Portugal tem feito "um caminho muito coerente" e "bastante impressionante nos últimos anos", sobretudo no que toca à redução da dívida, que caiu quase 30 pontos percentuais nos últimos três anos, de 135,2% em 2020 para 106,2% este ano, segundo as mais recentes previsões económicas da Comissão Europeia.
"Esse foi provalmente o caminho mais impressionante que foi feito entre os Estados-membros. Essa redução não aconteceu devido a uma recessão ou estagnação, mas com suficientes e impressionantes níveis de crescimento", salientou.
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Paolo Gentiloni voltou ainda a elogiar o forte crescimento previsto este ano para a economia portuguesa (1,6% face aos 0,1% previstos para a União Europeia). "Se olharmos para a situação que temos agora, vemos um crescimento grande nas economias do Sul. Isso é também um resultado das políticas comuns que foram adotadas", enfatizou, acrescentando que os países do Sul foram também dos que mais apoiaram as famílias e empresas, e foram menos afetados pela crise enegética.
Sobre a crise política criada em torno da TAP, Gentiloni disse ainda: "Claro que cada país está a enfrentar problemas. Mas o caminho que está a ser seguido por Portugal é muito coerente e correto. Mais do que isso, não comento as discussões internas".
Já o ministro das Finanças, Fernando Medina, remeteu esclarecimentos sobre a sua atuação no dossier da companhia aérea para a comissão de inquérito à TAP, onde será ouvido no próximo dia 16 de junho.
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Margem para subir salários
Sobre a recuperação de poder de compra após o choque inflacionista, Paolo Gentiloni defendeu que, em Portugal, essa recuperação "ainda é fraca", embora as projeções da Comissão Europeia apontem para que a inflação continue a descer.
Como os níveis de poder de compra perdidos com a inflação ainda não foram repostos, o comissário defendeu que "o setor privado e os sindicatos devem encontrar margem" para aumentar os salários dos trabalhadores.
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"Em alguns setores a procura foi muito forte e, por isso, houve lucros extraordinários, o que pode permitir que o setor privado e os sindicatos encontrem margem para aumentar o poder de compra e sem que esse aumento implique uma subida de inflação", disse.
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