Esquerda trava acesso às mensagens entre Centeno e Domingues

Os deputados da maioria que suporta o Governo no Parlamento inviabilizaram a consulta das comunicações entre António Domingues e o ministro das Finanças para que aquele aceitasse a presidência da CGD. A documentação que Domingues enviou também não será distribuída.
Mário Centeno ministro finanças
Bruno Simão/Negócios
Bruno Simões 14 de Fevereiro de 2017 às 19:05

A esquerda uniu-se na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos e travou os requerimentos apresentados pelo PSD e pelo CDS para ter acesso às mensagens escritas e de correio electrónico trocadas entre António Domingues e Mário Centeno, com as condições para que aquele aceitasse a presidência do banco público, informou o presidente da comissão, José Matos Correia, no final da reunião de coordenadores, que se realizou esta tarde no Parlamento.

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Quanto à documentação que foi enviada por António Domingues, que continha "a troca de correspondência com o senhor ministro das Finanças relativamente às condições para a aceitação" do cargo de presidente da CGD, "foi entendido maioritariamente que esses documentos não faziam parte do objecto da comissão, pelo que não deveriam ser distribuídos aos deputados", descreveu Matos Correia.

 

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Além disso, "foram também apreciados os requerimentos que tinham sido apresentados quer pelo PSD, quer pelo CDS, no sentido de receber alguns documentos relativos a essa matéria, como SMS, comunicações que tivessem sido trocados sobre essa matéria". O resultado foi o mesmo: um chumbo. "Foi entendido maioritariamente que não faziam parte do objecto da comissão". Ou seja, os requerimentos, "apesar de serem potestativos, diziam respeito a matérias que não diziam respeito a matérias da comissão" e "não poderiam ser aceites".

 

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Matos Correia deu a entender que os partidos que bloquearam a distribuição da documentação e os requerimentos para ter acesso às comunicações trocadas entre Domingues e Centeno foram o PS, PCP e Bloco de Esquerda. O Negócios confirmou pouco depois essa informação, tal como fizeram os deputados João Paulo Correia, do PS, e João Almeida, do CDS, que comentaram o que aconteceu na reunião.

Chumbo será confirmado amanhã

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Formalmente, esta decisão terá que ser confirmada amanhã. "A reunião de hoje não tem competências deliberatórias. Tudo isto vai ter que ser colocado, em termos formais, numa decisão tomada pelo plenário da comissão", explicou Matos Correia. Isso terá lugar na reunião de amanhã, quarta-feira. "Aditei à ordem de trabalhos da reunião de amanhã um segundo ponto para fazer a análise desta questão e votarmos o que foi indiciariamente votado hoje", detalhou o presidente da comissão de inquérito.

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Com este chumbo, a documentação remetida por Domingues, que apenas podia ser consultada pelos cinco coordenadores partidários e pelo presidente da comissão, foi devolvida à mesa da comissão, contou fonte do CDS.

 

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Adicionalmente, a esquerda chumbou também um pedido do PSD e do CDS para perguntar à auditora jurídica do Parlamento se estes pedidos estavam, efectivamente, fora do objecto da comissão de inquérito.

No final da reunião, que durou cerca de uma hora e meia, o deputado do PSD Hugo Soares saiu visivelmente irritado.

Notícia actualizada com mais informação pela segunda vez às 19:41

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