Marques Mendes e António Filipe discordam em quase tudo e acusam-se de ser candidatos de fação
Os candidatos presidenciais Marques Mendes e António Filipe manifestaram esta terça-feira visões opostas sobre a lei laboral, sessão do 25 de Novembro, privatização da TAP ou a política externa e acusaram-se mutuamente de serem candidatos de fação.
No frente a frente entre os dois candidatos às eleições de 18 de janeiro, hoje transmitido pela SIC, Luís Marques Mendes (apoiado pelo PSD) e António Filipe (apoiado pelo PCP) discordaram em quase todas as matérias, num tom tranquilo, em que quase nunca se interromperam.
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No primeiro tema, a lei laboral e a pré-anunciada greve geral de 11 de dezembro, o antigo líder do PSD manifestou-se "otimista e confiante" de que a paralisação pode ser evitada - apesar de a considerar um direito legítimo dos trabalhadores -- e apelou a um especial respeito pela UGT, que tem "histórico de acordos".
Já o antigo deputado do PCP disse preferir ser contra a proposta lei laboral do que contra a greve em perspetiva, acusando Marques Mendes de ser "o candidato do Governo em funções", recebendo na resposta que António Filipe seria "mais um candidato de fação do que para unir o país".
"Eu sou tanto de fação como Luís Marques Mendes, foi líder do PSD, não vamos por aí", pediu António Filipe.
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O candidato apoiado pelo PCP reiterou a sua discordância quanto aos moldes em que está a ser preparada a sessão solene comemorativa dos 50 anos de 25 de Novembro no parlamento, na qual não participaria se fosse chefe do Estado, posição considerada "lamentável e incompreensível" por parte de Marques Mendes, segundo o qual esta data também deve ser celebrada, sem substituir em importância o 25 de Abril.
Mendes elegeu a estabilidade política como a sua "primeira missão" se for eleito chefe de Estado, enquanto António Filipe disse privilegiar a "estabilidade na vida das pessoas".
Em matéria económica, o antigo líder do PSD reiterou a sua intenção de, se for eleito, dirigir uma mensagem ao parlamento sobre os desafios económicos e sociais do país nos próximos dez anos, lamentando que Portugal apenas tenha convergido um ponto percentual com a União Europeia nos últimos 30 anos.
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Foi o candidato apoiado pelo PCP a introduzir no debate o tema da TAP, considerando que as buscas judiciais hoje conhecidas reforçaram a importância de travar a privatização da companhia aérea, o que levou Mendes a deixar um aviso.
"Se não houver privatização da TAP, ainda que seja parcial, a TAP não vai crescer. Pelas regras de Bruxelas, o Estado não pode meter um euro", disse.
Questionados sobre o que fariam em Belém "se o país caminhar para uma deriva autoritária", Mendes disse não lhe passar pela cabeça esse "cenário tremendista", mas assegurando que será intransigente contra "os que querem minar a qualidade da democracia".
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"Faria o que a Constituição permite. Em último reduto, o Presidente pode dissolver a Assembleia e demitir o Governo para garantir o regular funcionamento das instituições", respondeu, por seu lado, António Filipe.
Em matéria de política externa, o antigo deputado do PCP defendeu que Portugal tenha "uma voz própria" na União Europeia e na NATO, enquanto Marques Mendes pediu reforço da Aliança Atlântica e instou António Filipe a condenar a agressão da Rússia sobre a Ucrânia.
"O primeiro apelo que devia fazer era ao presidente russo para abandonar a Ucrânia. Como é que é possível, entre Putin e Zelensky, o senhor optar por Putin?", disse.
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"Está enganado, está enganado. Eu acho que esta guerra poderia e deveria ter sido evitada", ripostou António Filipe, afirmando que já condenou a invasão russa há três anos.
Além de Mendes e António Filipe, participam nos frente a frente televisivos, que terminarão apenas a 22 de dezembro, outros seis candidatos a Belém: António José Seguro (apoiado pelo PS), André Ventura (apoiado pelo Chega), Catarina Martins (apoiada pelo BE), Henrique Gouveia e Melo, João Cotrim Figueiredo (apoiado pela Iniciativa Liberal) e Jorge Pinto (apoiado pelo Livre).
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