Mina moçambicana de rubis queixa-se de "sabotagem" de centenas de mineiros ilegais
A Gemfields adiou para o início de 2026 o leilão de rubis da mina moçambicana de Montepuez, alegando os impactos da "sabotagem" diária de centenas de mineiros ilegais na nova unidade em construção naquela área, em Cabo Delgado.
Em comunicado enviado esta terça-feira à Lusa, a empresa, que lidera a Montepuez Ruby Mining (MRM), refere que "tomou a decisão de adiar o leilão habitual de rubis de novembro/dezembro para janeiro/fevereiro" do próximo ano devido "ao atraso previamente anunciado na entrada em funcionamento definitivo da segunda fábrica de processamento", que foi "agora agravado pela ação de mineiros ilegais".
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Explica que, "embora a operacionalização definitiva ainda esteja prevista para outubro", o funcionamento da nova fábrica "foi significativamente afetado durante a última semana por mineiros ilegais que, atualmente são entre 250 e 400 por dia, sabotando a infraestrutura de abastecimento da fábrica".
"Além disso, os rubis extraídos ilegalmente que saem da região de Montepuez têm um impacto prejudicial nos preços de mercado e nas receitas fiscais de Moçambique provenientes dos seus recursos de rubis. A Gemfields e a MRM continuam a colaborar com as autoridades governamentais moçambicanas competentes", lê-se.
No mesmo comunicado é referido que foi realizado um "míni leilão" de rubis de qualidade mista, em bruto, da MRM, após exibições em Banguecoque, na Tailândia, de 29 de setembro a 3 de outubro, que rendeu 11 milhões de dólares (9,4 milhões de euros), sendo que 26 dos 33 lotes em oferta foram vendidos, correspondendo a 62% dos 297.449 quilates em negociação.
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A MRM prevê triplicar para 600 toneladas por hora o processamento na mina de rubis no norte de Moçambique, disse em junho à Lusa fonte da Gemfields, que detém 75% da MRM - com uma área concessionada de 34.966 hectares -, sendo os restantes 25% detidos pela empresa moçambicana Mwiriti, num investimento de 70 milhões de dólares (59,8 milhões de euros).
A Gemfields, que detém e opera a mina, reconheceu na altura que a construção da segunda unidade de processamento de rubis, designada de PP2, na MRM, representava "um projeto crucial para aumentar a produção de rubis 'premium' e gerar receitas adicionais para o grupo até ao final de 2025".
A segunda unidade deixa ainda em aberto a possibilidade de expansão "para outras áreas de mineração" naquela concessão da MRM, que emprega atualmente 1.300 trabalhadores, 94% dos quais moçambicanos.
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As receitas com a exportação de rubis recuaram 30% no primeiro trimestre do ano, em termos homólogos, para 5,1 milhões de dólares (4,3 milhões de euros), segundo dados do banco central de Moçambique noticiados este mês pela Lusa.
Esse desempenho compara com os 7,2 milhões de dólares (6,1 milhões de euros), de janeiro a março de 2024, de acordo com o mais recente relatório estatístico sobre as exportações, do Banco de Moçambique.
Esta quebra nas receitas com as exportações contrasta com as previsões de Moçambique produzir mais de 4,1 milhões de quilates de rubis em 2025, um incremento de 5% face à produção de 2024, segundo dados do Governo.
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O documento anterior sobre a previsão económica para 2025 estimava a produção de 4.143.832 quilates de rubis nas concessões mineiras em Moçambique de janeiro a dezembro, sendo o "produto com maior peso na estrutura global das pedras preciosas e semipreciosas" produzidas no país, com 76% do total destinado a exportação.
A produção de rubis em Moçambique tinha disparado em 2024 para quase quatro milhões de quilates, um aumento de 46% face ao ano anterior, segundo dados anteriores do Governo.
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