PS francês ameaça fazer cair Governo se não houver imposto para os mais ricos
O Partido Socialista (PS) francês ameaçou esta sexta-feira fazer cair o Governo de Sébastien Lecornu se não fizer concessões no Orçamento do Estado, em particular com a criação de novos impostos para os mais ricos.
"Se não houver desenvolvimentos até segunda-feira, a coisa acaba", avisou o primeiro secretário do PS, Olivier Faure, numa entrevista ao canal BFMTV, citada pela agência de notícias espanhola EFE.
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O ultimato surge poucas horas antes do início, à tarde, do debate no plenário da Assembleia Nacional sobre a proposta do orçamento, que se prolongará pelo sábado e será retomado na segunda-feira.
"Exigimos uma verdadeira correção, e se não a obtivermos iremos a votos", ameaçou Faure, referindo-se à proposta apresentada pelo executivo do primeiro-ministro Lecornu.
O líder socialista disse que o PS pretende, com as suas exigências, conseguir "entre 15.000 e 20.000 milhões [de euros] de receitas adicionais" com impostos sobre as grandes fortunas ou as grandes empresas.
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"Tudo o que os ricos não pagarem, terá de ser pago pelo resto", argumentou.
Uma das principais propostas dos socialistas, e de toda a esquerda, é a criação do chamado "imposto Zucman", que taxaria em 2% o património dos que têm mais de 100 milhões de euros.
A proposta é rejeitada pelo bloco de centro e direita que apoia Lecornu, mas também pela extrema-direita de Marine Le Pen.
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Faure insistiu ser necessário encontrar margem para evitar a aplicação de medidas de austeridade contidas na proposta de orçamento, como o congelamento das pensões.
Argumentou que o próprio Governo avaliou em 15.000 milhões de euros o custo para a economia francesa da crise política que seria gerada pela queda do Governo e a antecipação de eleições.
A estimativa do custo da crise política é o equivalente ao que os socialistas pedem em novos impostos.
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Lecornu tem de decidir "se prefere a estabilidade connosco (...) ou uma dissolução que custará 15.000 milhões", afirmou o líder socialista.
Para Faure, também há margem no objetivo de défice, que na proposta orçamental é de 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, depois dos 5,4% esperados em 2024.
Os socialistas consideram que se poderia chegar a um défice de 5% do PIB.
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"Queremos diminuir a dívida, mas sem asfixiar a economia (...) com um esforço aceitável que não afete as classes populares e as classes médias", disse Faure.
A abstenção do PS foi crucial na semana passada para a rejeição de duas moções de censura contra Lecornu no parlamento, e o partido continuará a sê-lo para que o Governo possa sobreviver nos próximos meses.
O Presidente Emmanuel Macron reconduziu Sébastien Lecornu em 10 de outubro, quatro dias depois de o primeiro-ministro se ter demitido face a críticas à composição do executivo, incluindo do campo do partido presidencial.
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Colaborador próximo de Macron, Lecornu, 39 anos, é o quarto chefe de governo nomeado pelo Presidente em menos de um ano.
Sucedeu a François Bayrou, que esteve no cargo entre dezembro de 2024 e setembro.
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