BCE: retorno à meta da inflação adiado para verão de 2025
A perspetiva de retorno à meta de 2% de estabilidade de preços do Banco Central Europeu (BCE) voltou a ser empurrada para a frente nesta quinta-feira , com a presidente da instituição, Christine Lagarde, a indicar que será apenas no terceiro trimestre de 2025 que o objetivo deverá ser alcançado.
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"Em geral, não estamos no alvo em 2025 na inflação total. Estamos quase no alvo na (inflação) subjacente. E apenas atingimos cerca de 2% no terceiro trimestre de 2025", afirmou na conferência de imprensa que se seguiu à decisão de política monetária de avançar com mais uma subida de juros, a décima do atual ciclo.
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Até aqui, o BCE indicava que o retorno à meta de estabilidade de preços do seu mandato poderia ser alcançado na primeira metade de 2025, com Christine Lagarde a indicar agora que as novas projeções do BCE, hoje libertadas, veem o objetivo a ser alcançado mais tarde.
Nesta quinta-feira, a equipa económica reviu em alta os números da inflação média anual esperada, para 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025, no indicador de inflação total que considera a globalidade dos preços das diferentes secções de consumo na Zona Euro. A subida foi justificada com a evolução dos preços da energia.
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Ainda assim, a presidente do BCE admitiu forte incerteza nos valores do último ano da projeção, relativos a 2025.
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Já para a inflação subjacente, que exclui energia e bens alimentares, a expectativa é de valores médios anuais de 5,1%, 2,9% e 2,2% em 2023, 2024 e 2025, respetivamente.
Nos cenários de risco negativo destas previsões, indicou, vão pesar os desenvolvimentos nos preços, sobretudo, do bens mais voláteis – energia e alimentação – numa altura em que os custos do gás e petróleo estão a subir e na qual o fim do acordo para exportação de cereais da Ucrânia e a crise climática podem voltar a colocar mais pressão nos custos de alimentos.
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Quanto às previsões de crescimento, revistas em baixa, Christine Lagarde justificou a forte revisão em baixa na previsão de crescimento para 2024, de 1,5% para 1%, indicando que três quartos da descida ficam a dever-se ao carry-over dos fracos crescimentos trimestrais de 2023 para a taxa de crescimento médio anual do próximo ano.
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Ou seja, apesar da deterioração maior das perspetivas, grande parte do arrefecimento económico nos países do euro estará concentrado neste ano, com o BCE a atirar agora para 2024 a recuperação do choque de preços e da elevação das taxas de juro. "Os tempos difíceis são agora", sinalizou.
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Para 2023, o banco central espera agora um crescimento anual de 0,7%, face aos resultados piores do que o esperado na primeira metade do ano e aos indicadores avançados que apontam já para maior agravamento das condições económicas no terceiro trimestre. Para 2024, a subida projetada para o PIB da Zona Euro é de 1%, e para 2025 de 1,5%.
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Os dados apontam para um agravamento considerável nas componentes de investimento e nas exportações, numa altura em que o BCE reconhece que a transmissão das subidas de juros está a ser mais rápida e se agravam as trocas comerciais internacionais.
Lagarde foi questionada, na conferência de imprensa, em particular sobre o impacto negativo que as decisões do conselho de governadores da instituição estão a ter no setor imobiliário, bem como pelo que o BCE terá para responder aos críticos que o acusam de estar a provocar uma recessão.
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A presidente da instituição optou por salientar que o mandato da instituição é a estabilidade de preços e não a preocupação com qualquer sector da economia.
"A inflação desceu e queremos que continue a descer e reforçar esse processo. Fazemo-lo não porque queremos forçar uma recessão, mas porque queremos que haja estabilidade de preços para as pessoas, que estão a suportar o fardo da inflação, preços elevados, e que predominantemente não são as pessoas mais privilegiadas", argumentou.
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