Bicicletas partilhadas de Lisboa custam 25 euros por ano
Depois de muitos anos sem sair do papel e de quase três meses de testes, a rede de bicicletas partilhadas de Lisboa entra hoje em funcionamento pleno, acessível a qualquer cidadão que esteja disposto a pagar. Para já, e à imagem do que aconteceu na fase piloto, as bicicletas apenas estarão disponíveis na zona do Parque das Nações, prevendo-se que a rede seja depois alargada à restante cidade (não foram adiantados prazos).
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A rede vai chamar-se Gira.Bicicletas de Lisboa, é gerida pela EMEL e deverá disponibilizar 140 estações e 1.410 bicicletas, a maioria das quais – quase mil – com assistência eléctrica. Por agora, estão disponíveis 100 bicicletas em 10 estações ao longo do Parque das Nações. A empresa de Águeda Órbita ganhou o concurso de fornecimento de bicicletas por 23 milhões de euros (por um período de oito anos), sendo a agência A Equipa responsável pelo branding.
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Para utilizar as bicicletas é necessário fazer o download da aplicação Gira (disponível para iPhone e Android). Depois, existem três modalidades de adesão. Para residentes em Portugal estarão disponíveis os passes anual – com um custo de 25 euros – e mensal – que custará 15 euros. A estes valores acresce depois uma tarifa de utilização, quando se ultrapassarem os 30 minutos de utilização gratuita que estarão disponíveis até final do ano.
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Este tarifário é um pouco complicado. A partir de 1 de Janeiro de 2018, os primeiros 30 minutos (que correspondem ao primeiro período) de utilização de bicicletas terão um custo de 10 cêntimos caso se trate de uma convencional e de 20 cêntimos case se trate de uma eléctrica. Os segundos 30 minutos já custarão um euro nas convencionais e dois euros nas eléctricas. Depois de cada viagem, terá de esperar 15 minutos antes de poder voltar utilizar a bicicleta.
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De acordo com o comunicado enviado às redacções, as tarifas de utilização "têm como objectivo promover a utilização do sistema para viagens pendulares (casa-trabalho ou casa-escola), tipicamente de curta duração, por oposição às viagens de lazer".
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Turistas terão de adiantar caução de 300 euros
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No caso dos passes diários, criados a pensar nos turistas (sejam portugueses ou não), o custo do passe diário é de 10 euros, com o primeiro período de cada viagem – que neste caso é de 60 minutos – a ser (sempre) gratuito. A segunda hora de utilização terá um custo de um euro e, a partir da terceira, cada hora custará dois euros. Nesta modalidade, a bicicleta só poderá voltar a ser usada meia hora depois da última viagem e terá de ser prestada uma caução de 300 euros, apenas disponível através do sistema PayPal.
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Os utilizadores regulares poderão pagar o valor dos passes através de Multibanco e Paypal. A utilização das bicicletas estará disponível entre as 7:00 e as 24:00.
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O regulamento conta com um sistema de bonificações que se destina a premiar cada viagem e a utilização de estações com mais ou menos oferta. Por cada viagem serão atribuídos 10 pontos; sempre que a viagem se iniciar numa estação com mais de 70% das docas (onde as bicicletas são estacionadas) ocupadas, serão atribuídos 100 pontos; finalmente, sempre que a viagem terminar numa estação em que menos de 30% das docas estão ocupadas, serão igualmente atribuídos 100 pontos ao utilizador.
Cada 500 pontos equivalem a um euro, que o utilizador poderá converter num prazo de dois anos. Ainda assim, esta bonificação estará apenas disponível no segundo período e nos restantes, cabendo sempre o pagamento do primeiro (o único que, no caso dos passes mensais, passará a ser pago a partir do próximo ano).
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Um processo que se arrasta há quase 10 anos
O sistema de bicicletas partilhadas de Lisboa deveria ter começado a funcionar em Junho de 2009, depois de a JCDecaux ter ganho o concurso que fora aberto pela câmara lisboeta (então liderada por António Costa). O projecto enfrentou resistências várias e acabou por não sair do papel. Em 2013, o vereador da Mobilidade, José Sá Fernandes, propôs que fosse a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) a avançar com o concurso, porque o município não conseguira arranjar financiamento.
Sob alçada da EMEL, o primeiro concurso, lançado em 2015, foi anulado porque nenhuma das 10 propostas cumpria todos os requisitos. O concurso foi relançado em 2016 e ganho pela Órbita. O sistema entrou na fase piloto a 21 de Junho e, até 7 de Setembro, registou 20.832 viagens (89% das quais em bicicleta eléctrica) de 1.600 utilizadores, tendo sido percorridos 40 mil quilómetros. A maioria dos utilizadores (34%) tinha entre 31 e 40 anos.
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O presidente da EMEL, Luís Natal Marques, diz, citado pelo comunicado, que a "primeira fase foi muito importante para recolher as recomendações dos utilizadores que participaram no projecto piloto, envolvendo a comunidade no desenvolvimento do serviço, e identificar oportunidades de melhoria. Registámos cerca de 270 viagens diárias. Com a Gira, a EMEL aumenta o leque de serviços de mobilidade que oferece à cidade".
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