Fernando Ruas rejeita relação entre tempo no poder e transparência
"Então, isto pode ser uma espécie de roleta russa? O indivíduo tem cinco mandatos passa a ser corrupto? Seis, passa a ter interesses?", questionou, em entrevista à agência Lusa.
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Segundo Fernando Ruas, "está demonstrado que os problemas que têm surgido com autarcas, às vezes até de ordem judicial, nada têm a ver com o número de mandatos", podendo acontecer logo no primeiro.
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"Não há, na minha perspectiva, nenhuma relação entre o tempo e a transparência. Tem muito mais a ver com aquilo que a pessoa é, com aquilo que quer ser e com a forma como respeita o concelho", defendeu.
Eleito pela primeira vez em 1989 para a presidência da Câmara de Viseu, Fernando Ruas (PSD) foi um dos autarcas que não se pôde recandidatar nas eleições de 29 de Setembro devido à lei de limitação de mandatos.
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"Deixei que a lei fosse para a frente. Foi uma decisão dos principais partidos, no pressuposto de que melhoraria muito a gestão autárquica, de que tornaria a gestão mais transparente", referiu, acrescentando que, embora não concordasse com ela, não queria parecer "que era juiz em causa própria".
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Na sua opinião, esta é uma lei que "está muito longe de ser perfeita", como já ficou demonstrado, ao possibilitar que os presidentes de Câmara com três ou mais mandatos num concelho pudessem concorrer a outros municípios.
"Não estando eu de acordo com a lei de limitação, muito menos estaria que ela possibilitasse isto", frisou.
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Questionado sobre o que pensa sobre os autarcas que optaram por concorrer a outras Câmaras, Fernando Ruas disse ter "consideração por eles", embora não estivesse disponível para fazer o mesmo.
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"São, numa grande maioria, candidatos com muito valor. Presumo que era uma pena que se perdesse este tipo de contributos", frisou.
O presidente da ANMP explicou que, apesar de entender que também ele "podia dar mais" ao poder local, não conseguiria candidatar-se a outra Câmara além da de Viseu.
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"Como é que eu me sentiria bem numa outra Câmara achando que foi uma penalização sair do sítio onde vivi, nasci, da cidade que eu mais gosto e que levei duas vezes a ser a melhor cidade para viver? Porque é que eu não posso estar aqui? Isso era dar o flanco a dizer que me agarrei a interesses e eu não me agarrei a nada", afirmou.
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Fernando Ruas admitiu que até gostaria de exercer a sua acção numa cidade como Coimbra, onde estudou e que frequenta regularmente, mas iria sempre "cheirar a penalização" por não ter podido candidatar-se a Viseu.
No seu entender, "se os partidos quisessem exercer a sua acção teriam a montante cuidado deste problema", dizendo aos autarcas com muitos mandatos que já não contavam com eles.
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"Podia ser que aparecessem mais independentes. Eu não apareceria, com toda a certeza", assegurou.
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Questionado sobre o seu sucessor na presidência da ANMP, o autarca disse não ter nada contra os nomes que já foram ventilados, mas não se querer "meter nesse assunto".
"Naturalmente que conheço o Manuel Machado (eleito presidente da Câmara de Coimbra), foi meu colega de curso e na associação, daí eu achar que era um elemento que tem experiência", afirmou.
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No entanto, disse já ter ouvido nomes de outros socialistas por quem tem "igual respeito", nomeadamente dos presidentes das Câmaras de Viana do Castelo, de Baião e de Santo Tirso.
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"Como não tenho responsabilidade de os indicar, tenho a tarefa muito mais facilitada", gracejou.
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