Confiança das famílias desce após tarifas "recíprocas"
A confiança das famílias e o sentimento das empresas diminuiu em abril, depois da introdução das tarifas "recíprocas" pela administração dos Estados Unidos (EUA), atingindo o valor mais baixo em mais de seis meses.
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Os dados constam dos indicadores de confiança divulgados nesta terça-feira, 29 de abril, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e mostram o sentimento das famílias e empresas não só para os últimos meses, mas sobretudo para o futuro, tendo em conta inquéritos que foram feitos entre 1 e 17 de abril, no caso das famílias, e 1 e 23 de abril, no caso das empresas.
Este é o primeiro inquérito após o "dia da libertação", quando Donald Trump lançou ao mundo um conjunto de tarifas que apelidou de "recíprocas" (e que no caso português implicam uma taxa de 20% - entretanto reduzida para 10% até ao final de junho - sobre todos os produtos portugueses que entrem nos EUA).
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No caso das famílias, o INE explica que a queda na confiança, que na média móvel a três meses passou de -16 para -17,9 pontos, é justificada por todos as componentes do indicador. Este valor é o mais baixo desde maio de 2024.
Mas é principalmente no que diz respeito aos preços que os consumidores se mostram mais preocupados. Não só quanto à evolução passada, cuja opinião piorou significativamente em abril, como à perspetiva de evolução de preços no futuro, com as famílias a apontarem de forma expressiva - a mais alta desde outubro de 2022 - um aumento dos preços no próximo ano.
Sentimento das empresas piora, mas com diferenças entre setores
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Também o índice de clima económico, que sintetiza as respostas extremas das empresas, desceu na média móvel a três meses, passando de 2,4 para 2,2, no valor mais baixo desde outubro passado. No entanto, há diferenças quando se olha para os diferentes setores.
Na indústria a confiança melhorou ligeiramente, de -5,4 para -5,2, com as componentes do índice a melhorarem de forma generalizada (nomeadamente quanto às perspetivas de gestão dos stocks, de emprego, de vendas e de produção). Apenas a incerteza face a evoluçao futura da atividade aumentou de 13,7% para 14,8% - o valor mais alto em um ano.
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No comércio, também houve melhoria no indicador de confiança, que subiu de 2,9 para 3,6, mas de forma menos generalizada. Pela positiva, o setor esperava, em abril, contratar mais e gerir melhor os stocks, do que esperava em março. Mas mostra-se mais preocupado com a incerteza e perspetivas de preços de venda (atuais e futuros), bem quanto ao volume de encomendas.
Já no setor da construção a confiança diminuiu em abril. O setor espera uma quebra nas encomendas nos próximos meses, bem como uma diminuição nos preços de venda. Além disso, as empresas a reportarem obstáculos à atividade subiram de 37% em março para 39% em abril.
Para 2026, a maioria das empresas na indústria transformadora (68,9%) e nos serviços (64,5%) preveem uma estabilização no investimento face a 2025. Por outro lado, 20,1% das empresas na indústria transformadora e 18,4% das empresas nos serviços antecipam um aumento do investimento em 2026, enquanto 11,1% e 17,1% das empresas inquiridas preveem uma diminuição do investimento nos respetivos setores.
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(Notícia atualizada com mais informação às 10:34)
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