O que Cracóvia mandou perguntar a Lisboa
Uma solidariedade europeia que vá de Lisboa a Cracóvia deve começar por perguntar como se mantém viva a memória e a experiência da Europa de Leste e se impede o regresso dos imperialismos. E como investiremos em coesão social contra o ressentimento e o extremismo, riscos significativos para qualquer democracia?
- Partilhar artigo
- ...
Ao passar por Cracóvia em trabalho, cidade onde se sente a proximidade da guerra na rua e no discurso rotineiro de polacos, ucranianos ou bielorrussos ali instalados, tropecei pela primeira vez no conceito de solidariedade europeia. O facto de nunca me ter ocorrido a solidariedade entre os princípios e valores europeus é, para mim, o verdadeiro sintoma de que venho de um país recatado e desapegado das crises do continente. Achamos nós, ainda que de forma subentendida, que nada do que se passa nas grandes capitais nos diz bem respeito e não é motivo de alarido político nacional, quiçá por não nos situarmos no bloco de países de centro e leste, ali com ameaças ao lado. Cracóvia começou por me perguntar o que poderia ser mais relevante para nós do que uma guerra que já violou a nossa fronteira da UE e da NATO.
Mais lidas