Crescimento desacelera para 2,5%

Como apontavam as previsões dos economistas, a economia portuguesa desacelerou no terceiro trimestre, apresentando um crescimento de 2,5%, com uma aceleração do consumo privado e um abrandamento do investimento. Exportações também desaceleraram.
Mário Centeno ministro Finanças
Miguel Baltazar/Negócios
Nuno Aguiar 14 de Novembro de 2017 às 09:32

A economia portuguesa continuou a crescer a um ritmo forte, mas abaixo dos valores alcançados nos dois trimestres anteriores. Com um crescimento de 2,5% entre Julho e Setembro face aos mesmos meses de 2016, a variação do PIB nacional fica em linha com a variação da Zona Euro. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), este resultado é explicado por um abrandamento do investimento e das exportações que a aceleração do consumo não foi capaz de compensar. 

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"O contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou, verificando-se uma aceleração do consumo privado e um abrandamento do investimento. O contributo da procura externa líquida foi negativo, contrariamente ao registado no trimestre anterior, reflectindo a desaceleração em volume das exportações de bens e serviços e a aceleração das importações de bens e serviços", pode ler-se no destaque do INE. 

Este resultado fica ligeiramente abaixo da média das previsões dos economistas. Como o Negócios escreveu ontem, a média das previsões de crescimento para o terceiro trimestre apontavam para um reforço homólogo do PIB de 2,6%, variando entre uns mais pessimistas 2,4% (do ING) e uns mais optimistas 2,9% (do ISEG e HSBC).

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É também o crescimento mais fraco deste ano. Até porque a barra estava alta: o PIB português cresceu 2,8% e 3% no primeiro e segundo trimestre, respectivamente. Ainda assim, este ritmo de avanço do PIB está em linha com a estimativa rápida para Zona Euro e fica bastante acima dos 1,5% observados em 2016.

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Numa análise em cadeia - isto é, comparando o terceiro trimestre com o segundo - a economia portuguesa até acelerou, dando um salto de 0,3% para 0,5%. Os técnicos do INE explicam que isso se deve a um crescimento das exportações que superou as importações. Nesta óptica, o investimento caiu e o consumo privado cresceu (tinha caído no trimestre anterior).  

Regressando à comparação homóloga, apesar do arrefecimento neste terceiro trimestre, é preciso recuar dez anos - até um período anterior à crise financeira de 2008 - para encontrar um desempenho tão forte da economia que mantivesse o crescimento acima dos 2% durante três trimestres consecutivos. Recorde-se que, desde a entrada no euro, a economia nacional pouco mexeu. A média de crescimento anual dos últimos 16 anos fica-se por uns débeis 0,3%.

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Crescimento desacelera para 2,5%
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Conhecido o valor do terceiro trimestre, a média de crescimento deste ano está agora em 2,8%, ligeiramente acima da previsão do Governo para a totalidade do ano (2,6%). Um perfil que confirma assim a maior parte das previsões das instituições financeiras, que apontavam para um arrefecimento da economia nacional na segunda metade do ano, depois de uma aceleração forte até Junho.

 

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Essa aceleração deveu-se, pelo menos em parte, a um ímpeto renovado da economia europeia. Segundo a estimativa rápida do Eurostat, publicada há duas semanas, os países da moeda única terão crescido, em média, 2,5% no terceiro trimestre deste ano. O ritmo mais forte desde o arranque de 2011.

 

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Parte da explicação está no bom desempenho do mercado de trabalho europeu, onde Portugal é um dos melhores exemplos. A taxa de desemprego da Zona Euro voltou a cair em Setembro de 9% para 8,9%, o valor mais baixo desde Janeiro de 2009.

"Estes dados refletem o dinamismo da economia", refere uma nota do ministério das Finanças, acrescentando que "este crescimento económico corresponde às expectativas traçadas pelo Governo no Orçamento do Estado para 2018, corroborando a solidez dos cenários macroeconómicos subjacentes às projeções orçamentais".

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"O Governo continuará a promover o crescimento económico socialmente equitativo, assente na criação de emprego e na coesão social e numa gestão criteriosa das contas públicas", acrescenta.

(notícia actualizada com nota das Finanças)

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