FMI prevê menos crescimento e mais inflação do que o Governo

O FMI está mais pessimista do que o Governo para este ano e o próximo, prevendo menos crescimento económico e mais inflação. Ainda assim, põe Portugal acima da zona euro. Com a "crise da perda de poder de compra", Fundo avisa que "o pior ainda está por vir".
Lusa/EPA
Susana Paula 11 de Outubro de 2022 às 14:02

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia portuguesa cresça menos e que os preços aumentem mais em 2023 do que o antecipado pelo Governo, colocando o PIB a subir 0,7% e a inflação a disparar 4,7% no próximo ano. Ainda assim, o FMI é menos pessimista para Portugal do que para a zona euro.

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Segundo o ‘World Economic Outlook’, documento com previsões macroeconómicas divulgado nesta terça-feira, 11 de outubro, o FMI também está mais pessimista do que o Governo para este ano, antecipando que a economia cresça 6,2% e que a inflação atinja os 7,9%. 

Na proposta de Orçamento do Estado (OE) entregue ontem ao Parlamento, o ministro das Finanças estima que a economia portuguesa cresça 6,5% este ano, esperando depois que economia continue a crescer em 2023, mas em forte abrandamento (a um ritmo de 1,3%).

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Em relação aos preços, Medina antecipa que a inflação média deste ano fique nos 7,4% e que abrande depois para 4% em 2023.

Embora Fernando Medina tenha assegurado que o Governo não está a trabalhar com cenários adversos e que as estimativas baseiam-se na melhor informação até à data, os números do FMI vêm colocar alguma pressão sobre as Finanças: não só o crescimento poderá ser praticamente metade do esperado, como a inflação poderá ser mais alta.

Até ontem, eram conhecidas apenas as estimativas do Conselho das Finanças Públicas (CFP) para 2023. Se em termos de crescimento económico as previsões estão em linha (a entidade antecipa um crescimento de 1,2%), para os preços o CFP é um pouco mais pessimista, esperando que subam 5,1% no conjunto do próximo ano.

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Nas projeções divulgadas hoje, o FMI assume o OE de 2022 para os cenários que traça para este ano e as projeções para o ano seguinte são baseadas num cenário de políticas invariantes. Ou seja, o Fundo ainda não assume a proposta de OE para 2023 apresentada ontem.

FMI vê zona euro a crescer menos que Portugal

Em relação à zona euro, o Fundo espera que a economia dos países da moeda única cresça 3,1% este ano, abrandando fortemente em 2023, ao crescer apenas 0,5%. O travão a fundo na zona euro é explicado pela recessão em duas das suas maiores economias: a Alemanha e Itália, que o FMI vê a recuar 0,3% e 0,2%, respetivamente.

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As estimativas também não são animadoras para a inflação. O FMI antecipa que os preços disparem 8,3% na média de 2022 e que abrandem no próximo ano, mas não tanto quanto o esperado. A previsão da inflação na zona euro em 2023 é de 5,7%. Mas na Alemanha deve ficar próxima dos valores registados este ano (7,2% em 2023, depois de 8,5% em 2022). 

Pior pode estar para vir, avisa o FMI 

"A economia mundial continua a enfrentar desafios galopantes, devidos aos efeitos que permanecem de três forças poderosas: a invasão russa da Ucrânia, uma crise de custos de vida causada por pressões inflacionistas persistentes e abrangentes e o abrandamento na China", destaca o FMI. 

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As projeções do World Economic Outlook mantêm a estimativa de crescimento em 2022 nos 3,2% mas revêem em baixa as para o próximo ano, em dois pontos percentuais, para 2,7% - e com uma probabilidade de 25% de ficar abaixo de 2%. "Mais de um terço da economia mundial vai contrair este ano ou no próximo, e as três maiores economias - os Estados Unidos, a União Europeia e a China - a travar", frisa o FMI.

"Em resumo, o pior ainda está por vir e para muitas pessoas 2023 vai parecer uma recessão", diz o Fundo.

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