FMI vê peso da dívida pública nacional cair dois lugares na Zona Euro
Projeções do fundo antecipam uma ultrapassagem, ligeira, por França e Espanha, mesmo com Portugal a não ir tão longe quanto espera hoje Fernando Medina.
O Fundo Monetário Internacional vê Portugal a distanciar-se das dívidas públicas mais elevadas na Zona Euro, caindo duas posições relativas no próximo ano, para passar de 3º a 5º país mais endividado do espaço da moeda única.
As projeções, publicadas esta quarta-feira no Monitor Orçamental da instituição, antecipam a ultrapassagem de Portugal por França e Espanha em 2023, que deverão passar, respetivamente, aos terceiro e quarto lugar entre os países mais endividados na área do euro, atrás de Grécia e Itália.
Os dados antecipados pelo fundo também confirmam a expetativa do ministro das Finanças de que no final deste ano o país estará já menos isolado na posição de terceira dívida pública mais pesada, surgindo quase a par de França, Espanha e Bélgica neste lugar. Na segunda-feira, na apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2023, Fernando Medina sublinhou esta previsão, ao dar conta da prioridade de consolidação orçamental no programa económico do próximo ano.
O FMI não vê, apesar de tudo, o ministro a chegar tão longe quanto gostaria na redução do défice e da dívida, nas projeções que assumem os dados do Orçamento do Estado de 2022 e as perspetivas de crescimento atualizadas na terça-feira, e menos favoráveis que aquelas que antecipa o Governo português. Para 2022, o fundo vê um crescimento do PIB em 6,2%, passando a 0,7% em 2023, aqui numa revisão em baixa. Medina antecipa 6,5% e 1,3%, respetivamente.
No que toca à dívida pública, as projeções divulgadas hoje esperam que Portugal reduza o endividamento público em 3,5 pontos percentuais em 2023, de 114,7% para 111,2% do PIB.
Já a meta do ministro das Finanças é de uma redução em 4,2 pontos percentuais, de 115% para 110,8% do PIB.
No mesmo período, segundo o FMI, França deverá passar de um rácio de endividamento público de 111,8% para 112,5% do PIB, e a Espanha deverá passar de 113,6% para 112,1% do PIB.
Já a Grécia, com a maior dívida do euro, terá uma redução ligeira de 177,6% para 169,8% do PIB, de acordo com as projeções. A Itália deverá passar de 147,2% para 147,1% do PIB.
Na Zona Euro, o rácio da dívida pública deverá passar de 93% para 91,3% do PIB.
As previsões do FMI, que não têm ainda em linha de conta a proposta orçamental para 2023 do governo português, esperam para o próximo ano um défice mais elevado do que antecipa Fernando Medina. A instituição sediada em Washington vê o défice do próximo ano nos 1,4% do PIB, com o Ministério das Finanças a antecipar 0,9% do PIB.
Já no saldo primário, que exclui pagamentos de juros, o FMI vê um excedente de 0,7% no próximo ano, abaixo das ambições da meta portuguesa. Medina prevê um excedente primário de 1,6% do PIB.
Por fim, no saldo corrigido do ciclo, que é medido relativamente ao PIB potencial, o FMI vê um défice de 1% do PIB em 2023, mas um excedente de 1,1% quando retirados os efeitos do pagamento de juros.
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