OCDE agrava previsão para o défice, mas revê em alta crescimento para 2026
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) piorou a sua estimativa de défice para 2026, afastando-se mais do ligeiro excedente previsto pelo Governo, mas vê a economia com melhor desempenho do que o esperado em junho.
As novas previsões da instituição sediada em Paris apontam para um saldo orçamental mais negativo do que antes do verão, duplicando o valor do défice esperado – de 0,3% para 0,6% do produto interno bruto (PIB) no próximo ano. Para este ano, também prevê um excedente mais modesto, fixando-se nos 0,1% do PIB, quando em junho apontava para 0,2%. Recorde-se que o Governo prevê para este ano um superávite de 0,3% e para 2026 de 0,1% do produto.
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Em termos de finanças públicas, a OCDE melhora, no entanto, as previsões de redução da dívida pública face às projeções de junho, tendo em conta os “persistentes excedentes primários e o crescimento sustentado”. Com efeito, os economistas da organização apontam agora para uma queda de quase 2 pontos percentuais do rácio, fixando-se este ano nos 90,1% do PIB, no próximo nos 87,2% e em 2027 nos 84,9%.
O ministro das Finanças, recorde-se, inscreveu no Orçamento do Estado para 2026 um rácio de 90,2% do PIB este ano e de 87,8% no próximo. O relatório divulgado nesta terça-feira estende o exercício mais um ano, até 2027, quando a dívida deverá ser de 84,9% do PIB. Ou seja, entre 2025 e 2027, a dívida deverá registar uma queda superior a 5 pontos percentuais.
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A procura interna, que tem alimentado a expansão da atividade deverá continuar a ser o motor da economia, sinaliza a entidade. “O PIB deverá crescer 1,9% em 2025 e 2,2% em 2026, antes de desacelerar para 1,8% em 2027”, refere. Os fundos europeus deverão impulsionar, ainda que de forma temporária, o investimento, mas a “desaceleração da procura externa líquida pesará sobre as exportações”.
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E as famílias serão também uma importante alavanca. “O crescimento sustentado dos salários e o emprego robusto aumentarão o consumo, especialmente porque a inflação e os custos do serviço da dívida deverão permanecer moderados”, refere a OCDE. A estas variáveis a organização soma os “cortes fiscais e salários mais elevados” que vão “apoiar os rendimentos das famílias”. No entanto, os técnicos da OCDE alertam que este fator “também vai abrandar a descida da inflação”.
Mas há várias variáveis em cima da mesa, admite a entidade. Por um lado, as despesas públicas, que poderão ser “superiores ao esperado, nomeadamente na defesa, aumentando a procura interna” e contribuindo para um crescimento mais robusto. Por outro, “a redução dos desembolsos do financiamento do PRR e a elevada incerteza poderão pesar sobre o investimento, implicando um menor crescimento", avisa a OCDE.
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