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Banco de Portugal revê PIB em baixa e mantém défices no horizonte

Previsões apontam agora para 1,6% de crescimento neste ano. Défice esperado é ainda de 0,1% do PIB em 2025, com novo alerta para a deterioração das contas públicas.

Pedro Catarino
06 de Junho de 2025 às 11:00

O Banco de Portugal (BdP) reviu nesta sexta-feira em baixa o crescimento económico esperado para este ano, apontando para uma subida do PIB de apenas 1,6%, bem abaixo da expectativa do Governo de obter uma expansão superior a 2% e também naquela que é, até aqui, a projeção mais pessimista para a economia portuguesa em 2025.

A revisão em baixa, explica a instituição, é largamente justificada pela contração económica de 0,5% em cadeia ocorrida no primeiro trimestre, e que não era antecipada. Para o segundo trimestre, a expectativa é já de alguma recuperação, para 0,4% de subida em cadeia do PIB, mas com o BdP a esperar "uma evolução contida do consumo atendendo ao impacto dos menores reembolsos do IRS e à redução da confiança dos consumidores". Já na segunda metade do ano, "o crescimento trimestral do PIB deverá situar-se em 0,6%, refletindo em larga medida um maior dinamismo do consumo privado", reflete a instituição no Boletim Económico de junho, hoje apresentado pelo governador Mário Centeno.

para 2026, o BdP prevê uma melhoria para os 2,2% de crescimento. "As tensões comerciais e a maior incerteza limitam a atividade económica, mas os efeitos do alívio das condições financeiras, das maiores entradas de fundos da UE e da robustez do mercado de trabalho dominam em 2026", justifica. Em 2027, porém, é esperada nova desaceleração para 1,7% de subida do PIB.

A antecipar estabilização na inflação em valores ligeiramente abaixo dos 2%, abrandamento no emprego e nos salários, mas uma taxa de desemprego ainda favorável, as previsões macroeconómicas enfrentam riscos negativos sobretudo quanto ao andamento do PIB devido à incerteza gerada pelo levantamento de tarifas no comércio internacional. 

"O crescimento pode ser menor se as tensões comerciais se agravarem, se a incerteza económica persistir ou em caso de dificuldades na execução dos fundos da UE. Em sentido contrário, a resolução dos conflitos armados e um aumento dos gastos em defesa em Portugal podem ter um impacto positivo na atividade", admite o boletim.

O BdP deixa o alerta que "num contexto internacional volátil, as políticas nacionais devem contribuir para mitigar a incerteza, incentivar o investimento e promover a inovação, mantendo-se a aposta na melhoria contínua das qualificações da população".

Ao mesmo tempo, apela à contenção orçamental do novo Governo num cenário que continua a ver como sendo de forte agravamento dos saldos orçamentais, esperando défice de 0,1% do PIB neste ano, de 1,3% do PIB em 2026 e de 0,9% do PIB em 2027. "É importante também que os progressos obtidos nas contas públicas sejam preservados, pois a deterioração da posição orçamental limitaria a capacidade de reação a choques adversos e às pressões estruturais de aumento da despesa", avisa.

Há um risco de incumprimento das regras europeias. Mário Centeno, governador do Banco de Portugal

"Há um risco de incumprimento das regras europeias", alertou o governador do BdP, cujas estimativas apontam para a que a despesa primária líquida - o indicador agora sob vigilância da Comissão Europeia - exceda até 2027 o teto máximo para desvios acumulados às trajetórias recomendadas (0,6 pontos percentuais) e também o teto de desvio máximo anual (0,3 pontos percentuais). Nos cálculos da instituição, a despesa líquida subirá em média 4,6% nos próximos ano, ou seja, 1 ponto percentual acima dos 3,6% de crescimento médio com o qual o país se comprometeu.

O BdP faz notar que "embora a posição portuguesa se mantenha favorável no contexto do euro, é fundamental conter a deterioração orçamental, assegurando o cumprimento das regras orçamentais europeias" e lembra que "a elevada dívida pública permanece uma vulnerabilidade".

No que toca à evolução do peso da dívida pública, e apesar da deterioração forte do saldo, este "continua a diminuir ao longo do horizonte da projeção, passando de 94,9% em 2024 para 85,8% em 2027, mas o ritmo de redução é inferior ao dos últimos anos". "Em 2026, o endividamento público português pode ficar abaixo da média dos países da zona euro", antecipa o boletim.

Atualizado com mais informação às 11h30.

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