Endividamento de famílias, empresas e Estado volta a subir no primeiro semestre
Endividamento das famílias, empresas e Estado vale 285,7% do PIB. Banco de Portugal explica que aumento surge por via do setor público e do privado. Em junho, a taxa de variação do endividamento das famílias "aumentou pelo décimo nono mês consecutivo", em 6,7%, o máximo da série.

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O peso do endividamento das famílias, empresas e Estado no produto interno bruto (PIB) voltou a subir no primeiro semestre do ano, atingindo uma proporção de 289,6% da riqueza produzida no país nesse período, mostram os dados do Banco de Portugal divulgados nesta sexta-feira, 22 de agosto.
"No primeiro semestre de 2025, o endividamento do setor não financeiro cresceu de 285,7% para 289,6% do PIB", refere o supervisor na nota publicada. O Banco de Portugal (BdP) explica que este crescimento "reflete um aumento do endividamento superior ao do PIB." Em termos de contributos, a "variação resulta do aumento do endividamento do setor público, de 125,9% para 129,3%, e do setor privado, de 159,8% para 160,3%." Apesar do valor elevado, o nível está longe dos máximos atingidos no primeiro trimestre de 2013 (425%), em plena intervenção da troika.
Em termos nominais, "no primeiro semestre de 2025, o endividamento do setor não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) aumentou 32,3 mil milhões de euros, para 847,0 mil milhões de euros. Deste total, 468,8 mil milhões de euros respeitavam ao setor privado (empresas privadas e particulares) e 378,2 mil milhões de euros ao setor público (administrações públicas e empresas públicas).
O endividamento do setor público subiu 19,1 mil milhões de euros. "Este acréscimo ocorreu, sobretudo, perante o exterior (14,5 mil milhões), essencialmente pelo investimento líquido de não residentes em títulos de dívida pública portuguesa (14,8 mil milhões, dos quais 13,3 mil milhões em títulos de longo prazo)", detalha o supervisor. Também houve "um aumento do endividamento do setor público perante os particulares (+2,1 mil milhões), as administrações públicas (+1,7 mil milhões) e as empresas não financeiras (+1,5 mil milhões) e uma redução em relação ao setor financeiro (-0,7 mil milhões)."
Já o endividamento das famílias cresceu 7 mil milhões, "essencialmente perante o setor financeiro (+6,6 mil milhões, dos quais +5,1 mil milhões por via do crédito à habitação). O endividamento das empresas privadas subiu 6,2 mil milhões, refletindo aumentos perante o setor financeiro (+5,0 mil milhões), o exterior (+0,7 mil milhões) e as empresas não financeiras (+0,6 mil milhões)."
Em termos de taxas de variação, a variação do endividamento dos particulares aumentou pelo décimo nono mês consecutivo, "registando um valor de 6,7% em junho de 2025, o mais elevado desde o início da série, em dezembro de 2008."
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