Macron anuncia fim da Europa e vitória populista caso coronabonds não avancem
Para o presidente francês, "não há escolha" a não ser a criação de um fundo que "possa emitir dívida comum, com uma garantia comum" .
O presidente francês, Emmanuel Macron, acredita que a emissão de dívida conjunta para o combate ao impacto financeiro da pandemia de covid-19 - algo equivalente ao que tem ficado conhecido como coronabonds - é determinante para o futuro político europeu, e avisa que a rejeição desta opção pode não só arruinar o "projeto político" europeu como dar força aos populistas no Velho Continente.
"Se não conseguimos fazer isto agora (a emissão de coronabonds), os populistas vão ganhar - hoje, amanhã, no dia seguinte, em Itália, em Espanha, talvez em França e noutros sítios", afirma Maxcron, em declarações ao Financial Times.
Para o presidente francês, "não há escolha" a não ser a criação de um fundo que "possa emitir dívida comum, com uma garantia comum" para financiar os Estados-membros de acordo com as necessidades das respetivas economias – uma ideia a que a Alemanha e a Holanda se opuseram.
Macron chama a este um "momento da verdade" no que toca a perceber se a União Europeia é mais do que um mercado único, e avisa que a falta de solidariedade resultará, provavelmente, numa fúria populista no sul da Europa.
"Eu acredito que a Europa é um projeto político. Se o é, o fator humano é a prioridade e há noções de solidariedade que estão em jogo… a economia segue-se a isso, e não vamos esquecer que a economia é uma ciência moral", argumenta o presidente francês.
França defende a criação de um fundo conjunto ou a alocação de fundos europeus de cerca de 400 mil milhões de euros, para além das ajudas já anunciadas. Itália e Espanha estão entre os Estados-membros que apoiam esta iniciativa, mas Alemanha e Holanda contra-argumentam que uma mutualização da dívida equivale a que os seus contribuintes paguem a dívida de outros países. Vai existir uma videoconferência na próxima quinta-feira onde os líderes europeus vão voltar a debater as ferramentas disponíveis para contrariar a crise decorrente do coronavírus.
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