Morreu a escritora Clara Pinto Correia
Figura influente da sociedade portuguesa, nos últimos anos tinha-se afastado do palco mediático e vivia em Estremoz, no Alentejo.
Clara Pinto Correia, 65 anos, escritora, bióloga e professora universitária, foi encontrada morta em casa em Estremoz esta terça-feira.
Numa mensagem no site da Presidência da República, o Presidente da República apresentou à família, amigos e admiradores "os seus afetuosos sentimentos, consternado pela sua partida prematura".
"Clara Pinto Correia juntava à alegria de viver, uma inteligência e um brilho que se expressaram na intervenção oral e escrita, no magistério científico e na comunicação com os outros. Não deixou nunca ninguém indiferente. Daí o sentido de ausência por todos partilhado neste momento", pode ler-se na mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa.
Figura influente da sociedade portuguesa, nos últimos anos tinha-se afastado do palco mediático e vivia em Estremoz, no Alentejo.
"Fiquei sem emprego, sem qualquer espécie de trabalho. Primeiro que começasse a receber o subsídio de desemprego foram quase dois anos. Nas filas da Segurança Social olhavam para mim de esguelha. A minha senhoria da casa no Penedo [perto de Colares, Sintra] pôs-me uma ordem de despejo. Há 30 anos que lhe arrendava a casa e dava-me lindamente com ela", revelou com mágoa numa entrevista à revista Sábado, em janeiro de 2025.
Em janeiro de 2003 esteve envolvida numa polémica, acusada de plágio num artigo que escreveu na revista Visão.
"Eu estava nos Estados Unidos. Na altura não havia Google. As pessoas começaram a ligar-me para casa, a dizer que eu tinha plagiado não sei o quê. Nem sequer sabia do que estavam a falar. No segundo dia, telefonou a minha mãe a dizer: 'Não respondas a nada do que as pessoas te perguntarem. Estão a aproveitar tudo o que dizes para fazerem de ti parva.' E eu calei-me", contou na mesma entrevista à Sábado.
Clara Pinto Correia licenciou-se em Biologia pela Universidade de Lisboa e doutorou-se pela Universidade do Porto, iniciando uma carreira universitária e de investigação no domínio da Embriologia no Instituto Gulbenkian de Ciência e nos Estados Unidos.
Em 1984 editou o seu primeiro livro, o romance 'Agrião', mas ganhou notoriedade com 'Adeus Princesa', que deu origem a um filme.
Filha de José Manuel Pinto Correia e de Maria Adelaide da Cunha e Vasconcelos de Carvalho Amado, é irmã da jornalista Margarida Pinto Correia.
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