João Tordo: Podemos confiar nos outros
O Negócios pediu a dez personalidades para escrever sobre as lições que 2015 nos deixou. Veja o que diz o escritor João Tordo.
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Quando os terroristas abriram fogo na redacção da Charlie Hebdo, matando 17 pessoas, ninguém suspeitaria que, no mesmo ano, haveria uma outra barbárie em Paris, vitimando 130 no Bataclan. Seria também impossível adivinhar a extensão do conflito na Síria ou o quão sangrenta se tornaria a guerra civil; e difícil de imaginar que, no Nepal, um terramoto de magnitude 7,8 vitimaria 4 mil almas, bem como as pungentes imagens dos refugiados que, no Verão, quiseram abandonar a fome, a guerra e a miséria e procurar abrigo numa Europa hesitante – líbios, sírios, iraquianos, sudaneses, nigerianos, egípcios, libaneses. Quando 148 pessoas foram assassinadas pelos jihadistas do Al Shabaab numa universidade do Quénia, seria impossível prever a revolta dos animais do jardim zoológico de Tbilisi, na Geórgia, que, depois de uma cheia de proporções desmedidas, invadiram as ruas da capital à procura de Noé; quem poderia saber que, doze dias passados, 39 pessoas morreriam numa praia de Sousse, na Tunísia e que, depois de tudo isto, ainda haveria tempo para o maior acidente da história russa de aviação e cheias em Tamil Nadu que deixaram dois milhões de pessoas sem casa?
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