Mais de 65 mil portugueses emigraram em 2024. Suíça é o principal destino
Valor representa uma quebra face a 2023 e é o número mais baixo de emigrantes desde 2021.
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A emigração portuguesa baixou no ano passado para valores de 2021, uma descida que se deve sobretudo à diminuição das saídas para o Reino Unido devido às limitações impostas pelo 'Brexit', segundo dados divulgados esta quinta-feira.
De acordo com as "Estimativas da Emigração Portuguesa 2024", elaboradas pelo Observatório da Emigração, em 2024 emigraram 65.000 portugueses, menos 5.000 do que no ano anterior.
O documento refere que a Suíça se mantém como principal destino e que diminuíram as entradas de portugueses em todos os países, com exceção da Alemanha, Bélgica, Estados Unidos e Austrália.
Este número de saídas de portugueses foi o mais baixo desde 2021, ano em que também foi de 65.000, para subir para os 70.000 em 2022 e igual número em 2023.
Inês Vidigal, coordenadora executiva do Observatório da Emigração, responsável pelo relatório, disse à Lusa que, apesar do decréscimo registado, os indicadores apontam ainda assim para "uma estabilização".
"Acho que não vai decrescer muito mais. Acho que vamos manter valores na ordem dos 65.000, 70.000 nos próximos anos", afirmou.
A geógrafa referiu que o Reino Unido justifica cerca de 45% da diminuição da emigração portuguesa, devendo-se esta baixa "às dificuldades acrescidas que os portugueses têm agora para entrar no Reino Unido", após a sua saída da União Europeia, em 2020.
O documento divulgado refere que a emigração portuguesa para o Reino Unido diminuiu 37% entre 2023 e 2024, depois de já ter vindo a diminuir, passando de mais 32.000 em 2015 para menos de 3.000 em 2024.
Suíça, Espanha e França foram os principais destinos da emigração portuguesa no ano passado, tal como também tinha acontecido em 2023.
Segundo o documento, em 2024 entraram na Suíça 12.388 portugueses e 11.332 em Espanha. Os dados de França, país onde reside a maior comunidade portuguesa, ainda são os referentes a 2023 (7.426), mas Inês Vidigal considera que não deverão ser muito diferentes.
A Alemanha, para onde emigraram 7.410 portugueses, foi o país que registou o maior aumento: mais 1.035 do que em 2023.
Bélgica, Estados Unidos e Austrália também receberam mais portugueses em 2024 do que no ano anterior, enquanto os outros 15 países identificados no relatório registaram diminuições das entradas destes cidadãos.
Os portugueses continuam a representar a maior comunidade estrangeira no Luxemburgo, com 13,5% das entradas de estrangeiros.
Em 2024 emigraram para esse país 3.469 portugueses, ainda assim menos 169 do que no ano anterior.
Segundo o nível de escolaridade, a Suíça e a França são os principais destinos dos portugueses com o ensino básico. Com o ensino secundário emigram mais para o Reino Unido, enquanto os licenciados escolhem sobretudo a Suécia e o Reino Unido.
Segundo Inês Vidigal, os números da emigração portuguesa continuam a ser valores elevados, enquanto os números da imigração não são muito elevados.
"O balanço entre imigração e emigração acaba por não ser assim tão elevado, como os que chamamos de países tão desenvolvidos da Europa", disse.
E acrescentou: "Neste momento o saldo migratório é positivo, mas para o que parecem ser as necessidades do país, este nível de emigração não é o ideal".
O Observatório da Emigração é uma estrutura técnica e de investigação independente integrada no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Iscte, Instituto Universitário de Lisboa.
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