Moçambique investe 322 milhões de euros para elevar produção de caju a 689 mil toneladas até 2034
A execução deste programa implica igualmente, para aumentar os rendimentos da castanha de caju, encarar toda a cadeia como um negócio.
Moçambique prevê investir 374 milhões de dólares (322 milhões de euros) para desenvolver o setor do caju e elevar a produção anual das atuais 158 mil toneladas anuais para 689 mil até 2034, foi anunciado esta sexta-feira.
Segundo informação divulgada pelo Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas moçambicano, o objetivo do programa, a executar em todo o país, "é promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da cadeia de valor do caju, fortalecendo a investigação, fomento, extensão, comercialização e processamento", contribuindo "para o aumento da produção e renda dos produtores e gerar oportunidades de emprego".
"A castanha de caju é um produto de coesão social e de promoção da segurança alimentar e nutricional, encorajamos que seja introduzida nos programas de alimentação escolar e nas receitas nos nossos restaurantes", afirmou o ministro Roberto Albino, citado na mesma informação.
O Programa de Desenvolvimento da Cadeia de Valor do Caju 2025--2034 inclui a reforma dos mecanismos de implementação em prol do fortalecimento da indústria e além de incrementar os níveis de produção, segundo o ministério, também prevê o aumento da "capacidade de assistência de 230 mil para mais de 600 mil produtores, de processamento de 40 mil para mais de 482 mil toneladas e consolidar o processo de digitalização do setor".
O programa foi formalmente iniciado na quinta-feira, com o ministro da tutela, Roberto Albino, a sublinhar que o Estado deve centrar-se na criação de um ambiente favorável aos negócios, através de políticas que impulsionem o rápido desenvolvimento empresarial: "Os intervenientes da cadeia de valor das amêndoas devem dizer o que querem que o Governo faça, para que o ambiente de negócio possa fluir de modo a gerar riqueza para o país".
Acrescentou o objetivo de fomentar alianças entre os atores, beneficiando tanto os produtores como os industriais e exportadores, contribuindo para o desenvolvimento do país.
"Temos que colher experiências de outros países produtores da castanha de caju", disse ainda o ministro, defendendo que industrializar o setor do caju permite gerar mais postos de emprego para jovens e mulheres.
"Pretendemos fazer com que a indústria do caju funcione sem grandes intervenções do Estado", acrescentou.
A execução deste programa implica igualmente, para aumentar os rendimentos da castanha de caju, encarar toda a cadeia como um negócio.
"Diante dos desafios que a indústria enfrenta, a solução passa pelo processamento integral da castanha no país. Nesse contexto, o Governo vai promover um encontro com as indústrias para definir mecanismos que incentivem o investimento interno e fortaleçam o setor", explica o ministério, sobre o objetivo do programa agora lançado.
Dados oficiais anteriores indicavam que a comercialização de castanha de caju em Moçambique atingiu na última campanha de 2024/2025 cerca de 195.400 toneladas, sendo um marco histórico mais próximo do recorde dos anos 1970, quando o país foi um dos maiores produtores mundiais.
A exportação de castanha de caju por Moçambique continua a crescer, atingindo 38,7 milhões de dólares (33 milhões de euros) no primeiro trimestre, liderando nas vendas ao exterior entre os designados "produtos tradicionais", segundo dados do Banco de Moçambique.
De acordo com a informação do Ministério da Agricultura, a produção de castanha de caju em Moçambique atingiu há 50 anos, ainda no período colonial, mais de 200 mil toneladas anuais e, até meados da década de 1970, Moçambique era o segundo maior produtor mundial de caju (210 mil toneladas processadas em 1973), atrás apenas da Índia, que comprava na altura, e ainda hoje, grande parte dessa produção.
Após a independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975, a produção caiu para menos de 10%, para cerca de 15 a 20 mil toneladas anuais, mas tem vindo anualmente a crescer e na última campanha de 2024/2025 destacou-se entre os maiores produtores, mantendo-se no sétimo lugar.
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