"Em Portugal é difícil um treinador ser líder da equipa"
É um líder, sim. Tem carisma, tem. É uma marca. Possui uma assinatura. E agora é doutor. Os estudantes são às centenas, os jornalistas vêm de Itália e de Inglaterra. Os seguranças lá estão. O cenário está montado para o receber. Mourinho, o novo doutor que não se sente digno de o ser, cria um furacão de gente em seu redor. Ou não fosse ele um gestor indomável de homens.
É um líder, sim. Tem carisma, tem. É uma marca. Possui uma assinatura. E agora é doutor. Os estudantes são às centenas, os jornalistas vêm de Itália e de Inglaterra. Os seguranças lá estão. O cenário está montado para o receber. Mourinho, o novo doutor que não se sente digno de o ser, cria um furacão de gente em seu redor. Ou não fosse ele um gestor indomável de homens.
"Um treinador hoje é, sobretudo, um gestor de homens, e a estrutura de um clube deve ser moldada à filosofia do treinador", responde José Mourinho à plateia de alunos da Faculdade de Motricidade Humana, onde ontem foi distinguido como "doutor honoris causa".
"Em Portugal é difícil para um treinador ser líder", atira. Foi por isso que saiu do Benfica, diz. Uma saída que fica como marca da sua irreverência, de alguém que não quis perder a identidade. "Um treinador é um líder, e, se não o deixam ser, deve sair", salienta José Mourinho, aquele que, antes de começar a treinar, já se sentia um grande treinador, comenta. A plateia ri. O politicamente incorrecto parece ficar-lhe bem. Faz parte. É dele. "Mas não gosto de ser considerado o melhor, contento-me em ser um dos melhores", garante. Será?
Porto foi a melhor equipa
Mourinho apareceu na lista da revista francesa "France Football" como o treinador mais bem remunerado do mundo. Em 2005, o treinador amealhou 11 milhões de euros, entre salários e proveitos comerciais. E agora, com tal margem financeira e com tantos títulos conquistados, o que sobra para ganhar?
"O dinheiro é uma falsa questão. A única coisa que tal pode espoletar é a vontade e a possibilidade de ser ainda melhor. Quanto mais dinheiro alguém tiver, menos vende a alma ao diabo", responde Mourinho, citando uma frase do seu pai. "Temos menos medo do futuro e podemos ser mais independentes", salienta. "E eu quero continuar a ganhar. Quem já ganhou, quer continuar. Neste momento, a minha maior ambição, que é difícil, é ganhar o campeonato italiano".
Regressar? "Daqui a 15 anos. Em Portugal espera-me a velhice e treinar a Selecção Nacional. Para já, iria sentir-me infeliz, porque a Selecção não joga todas as semanas nem treina todos os dias", explicou, garantindo que o seu trajecto profissional irá continuar a ser feito no estrangeiro.
Imune às imitações
Mourinho, que se intitula como um homem cheio de motivações e capaz de as transmitir aos outros, parece ser tão resistente que garante ser imune às imitações. Seja na metodologia de treino, seja nos tiques.
"Sim, também reparei que há treinadores com a barba de dois dias e que levantam a gola, mas é algo que não me preocupa", diz. "Sei que muitos seguem a minha metodologia de treino e de jogo. Mas nunca a quis esconder. Tratou-se de uma evolução aberta ao mundo e aos interesses se todos", salienta.
"No início da carreira, senti alguma aversão por parte daqueles que estavam no poder, a tentarem deixar cair cascas de banana ... mas eu tento ajudar os mais novos."
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