Rio quer que Governo esclareça se enviou informação falsa sobre procurador José Guerra
"Será que a ministra da Justiça fez mesmo isto? A ser verdade é gravíssimo. Tem de ser esclarecido", apela Rui Rio, numa publicação hoje de madrugada na sua rede social Twitter. PSD chama ministra da Justiça ao Parlamento com carácter urgente.
O presidente do PSD quer que o Governo esclareça as notícias de que "terá falsificado o currículo" do procurador José Guerra para justificar a sua nomeação para um órgão europeu "que visa, justamente, combater a corrupção".
"Será que a ministra da Justiça fez mesmo isto? A ser verdade é gravíssimo. Tem de ser esclarecido", apela Rui Rio, numa publicação hoje de madrugada na sua rede social Twitter.
Entretanto, em nota enviada às redações, a bancada parlamentar do PSD dá conta de que requerer, com carácter de urgência, a ida da ministra da Justiça ao Parlamento para que Francisca Van Dunem possa "prestar os esclarecimentos necessários sobre as notícias recentes [que] dão conta que o Governo terá invocado três argumentos falsos para justificar a escolha do magistrado José Guerra para o cargo de Procurador Europeu de Portugal".
A SIC e o Expresso noticiaram que, numa carta enviada para a União Europeia, o executivo apresenta dados falsos sobre o magistrado preferido do Governo para procurador europeu, José Guerra, depois de um comité de peritos ter considerado Ana Carla Almeida a melhor candidata para o cargo.
O que as notícias nos relatam é que o Governo terá falsificado o CV de um procurador para justificar a sua nomeação para o órgão europeu que visa, justamente, combater a corrupção. Será que a Ministra da Justiça fez mesmo isto? A ser verdade é gravíssimo. Tem de ser esclarecido. https://t.co/7GixVV1Sfw
Em resposta ao Expresso, o Ministério da Justiça diz que "não se pronuncia sobre o documento", dada a "natureza reservada" do processo de seleção, sem confirmar ou desmentir o seu teor.
Em setembro, antes da tomada de posse de José Guerra (que ocorreu em 28 de setembro), o PSD requereu explicações da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, no parlamento sobre a nomeação de José Guerra para procurador europeu, considerando "censurável" que o Governo não tenha indicado o candidato mais bem classificado no concurso de seleção.
Os sociais-democratas consideravam então que a nomeação do magistrado do Ministério Público José Guerra estava "envolta em polémica, uma vez que o candidato melhor posicionado no concurso aberto para a seleção dos três candidatos designados por Portugal (...) para o cargo de procurador europeu acabou por não ser o candidato nomeado".
O PSD recordava que o comité de seleção, composto por doze personalidades escolhidas entre antigos membros do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Constas, antigos membros do Eurojust, membros dos Supremos Tribunais nacionais, procuradores de alto nível e juristas de reconhecida competência, "considerou como o melhor candidato ao cargo a magistrada do Ministério Público, Dra. Ana Carla Almeida, responsável no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) pelos processos relativos a fraudes nos fundos comunitários".
"Todavia, esta magistrada, apesar de ter sido a melhor posicionada pelo júri internacional, acabou por ser preterida pelo candidato indicado pelo Governo português para o referido cargo (...), o que se afigura reprovável", considera o PSD.
O magistrado português José Guerra foi nomeado em 27 de julho procurador europeu nacional na Procuradoria da União Europeia (UE), órgão independente de combate à fraude.
A Procuradoria Europeia é um órgão independente da UE, competente para investigar, instaurar ações penais e deduzir acusação e sustentá-la na instrução e no julgamento contra os autores das infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União (por exemplo, fraude, corrupção, fraude transfronteiras ao IVA superior a 10 milhões de euros).
Mais lidas